Chapéu na cabeça e microfone na mão. Já viu essa dupla mirim por aí?
Sabrina Gahyva
Publicado por Kassu - 23/11/2009 às 10h23
Imagine a cena: dois pequenos irmãos. De chapéu na cabeça, com ou sem microfone na mão. Em cima do palco ou improvisando canções pela cidade, fazendo pose de gente grande e entoando como cantores experientes sucessos sertanejos e velhas modas de viola. Imaginou?
Qualquer semelhança com as imagens do filme “Dois Filhos de Francisco” não é mera coincidência. A dupla mirim João (10) e Júnior (12) inspira-se na história narrada pelo longa metragem e fazem da aparente rotina de Zezé Di Camargo e Luciano, objetivo de vida. “Meu sonho é ser igualzinho o Zezé e Luciano”, dizem os dois em coro que até parece ensaiado.
Questionei qual o motivo do “projeto de vida”, e eles deixaram transparecer toda a criancice que a postura de músicos profissionais quase esconde. Com olhos brilhando e esperança de quem acredita nas coisas, João diz: “eles são muito felizes!”.
“Quando terminam um show já vem um monte de gente”, afirmou o mais velho, Júnior. “Para conversar com eles?”, indaguei. “Não, para trocarem de roupa! Eles saem e já mudam de roupa, trocam o figurino várias vezes”, disse completando a sentença e desconcertando tudo que pensei saber sobre sonhos.
Depois, falaram que têm mais três duplas de irmãos que cantam, a mãe e o pai cantores. Aliás, nas apresentações quem toca a viola é o pai, José. A família é de Sinop e conhecida como “Família cantora”, o motivo dispensa explicações.
O pai, que é produtor de todas as duplas da família, vende DVD´s durante o dia e conta que nessa vida só não aprendeu vender shows. Ele reclama que é inexperiente para "comercializar as apresentações" e desconfia que os filhos não têm a dimensão e reconhecimento que merecem.
"Sabe que os meninos já foram até no Raul Gil? Pois é! Viemos de Sinop porque na capital é melhor para a música né. A mídia reconhece mais", argumentou enquanto esperava junto com a esposa e os meninos uma carona depois de fazer um show na praça Alencastro.
Um show da dupla em Cuiabá custa entre R$ 300 e R$ 1 mil, dependendo da duração da apresentação. Embora afirme sem constragimentos que "a vida poderia estar melhor", José não discute a importância da música em sua vida e na dos filhos cantores.
"A música é tudo na nossa vida, né. Eu sei que mesmo se eles não fizerem muito sucesso, a música já musou a vida deles, né", diz.
A família mora desde março no bairro 15 de Maio em Várzea Grande. Entre uma apresentação e outra, a dupla roda as noites cuiabanas cantando de mesa em mesa, tentando vender o CD.
Sem pudores, os dois cantores mirins afirmam que se divertem cantando e mostram que não se preocupam muito com o destino. "Se não ficarmos famosos, tá bom mesmo assim. Aí a gente continua estudando, com a vida normal", garante Júnior. E quem duvida?
Interessados em contratar a dupla, devem entrar em contato com o pai dos meninos, José, pelo telefone (65) 8133-7232.
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