Confira as principais notícias do dia 17 de novembro
Por Camila Pamplona
Edição: Meider Leister
Economia
1. BC adianta troca de comando
A entrevista que o diretor de Política Monetária do Banco Central, Mario Torós, deu ao jornal Valor Econômico na semana passada, na qual revelou informações sigilosas da atuação do banco antes e durante a crise econômica, não provocou sua saída, anunciada ontem. Mas certamente a acelerou. Em seu lugar, foi nomeado o economista Aldo Mendes, funcionário de carreira do Banco do Brasil e que, apesar de ter defendido em artigo de 1993 a não independência do BC, pode deixar a diretoria do banco menos ortodoxa – o que significa que pode haver mudanças na condução da política de juros. Mendes foi diretor de finanças do Banco do Brasil ainda no governo FHC, em 2001, e sua relação civilizada com o PSDB viabilizou, em 2008, o acordo com o tucano José Serra para a compra da Nossa Caixa, do governo paulista, pelo BB. De acordo com a Folha (para assinantes), o novo diretor do BC é ligado a Antonio de Lima Neto, ex-presidente do BB demitido por Lula em abril por reduzir “lentamente” os juros. Ainda é cedo para saber os efeitos da mudança sobre a política monetária. É preciso esperar se haverá novas trocas no comando do BC. A expectativa é que sim. Como conta o Estadão, além do próprio presidente, Henrique Meirelles, que pode deixar o cargo em março para disputar as eleições, os diretores de política econômica, Mário Mesquita, e de liquidações, Gustavo do Vale, também teriam informado a intenção de deixar o BC brevemente
2. Ressalvas sobre o emprego
Os números sobre o emprego formal divulgados ontem foram comemorados pelo governo, já que em outubro o país voltou a bater o recorde na criação de trabalho com carteira assinada. Foram abertos 230.956 postos, o melhor resultado para o mês desde 1992. Mas há dois pontos que valem ressalva. O resultado mensal elevou para 1,164 milhão o número de empregos formais criados entre janeiro e outubro de 2009. Superou-se a marca de 1 milhão, mas o acumulado no ano é o pior desde 2003, quando foram gerados apenas 910.547 vagas. Além disso, o ritmo na geração de vagas entrou em fase de desaceleração, o que deverá culminar com o fechamento de mais de 200 mil postos em dezembro. O número de vagas criadas em outubro é 8,6% menor que o de setembro. Tradicionalmente, o mercado de trabalho tem fraco desempenho no último trimestre do ano. O Ministério do Trabalho projeta que, neste mês, o saldo de contratações vá ficar próximo de 150 mil postos, enquanto a perda de vagas em dezembro flutuará em torno de 200 mil. Com informações do Estadão e da Folha (para assinantes)
3. Primeiro emprego
Um levantamento feito pelo Correio Braziliense mostra que mais de 90% dos brasileiros começam a trabalhar antes dos 20 anos, mas os fluminenses e brasilienses arrumam o primeiro emprego mais tarde do que a média do país. No Distrito Federal, o percentual cai para 84%, atrás apenas do Rio de Janeiro, com 83,3%. Sem a obrigação de trabalhar, os jovens podem se dedicar mais aos estudos. Assim, tanto o DF quanto o Rio são as duas unidades da Federação que reúnem os brasileiros com maior escolaridade do país. Os brasilienses têm o grau mais elevado de escolaridade. Do total de brasilienses com 10 anos ou mais de idade, 14,24% têm, no mínimo, 15 anos de estudo no currículo. A média nacional é de 6,89% e o Estado que aparece em segundo lugar, o Rio de Janeiro, tem 10,3% de sua população com 15 anos ou mais de escolaridade.
4. Poço seco
Na véspera da visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil, que chega na semana que vem para se encontrar com o presidente Lula, a Petrobras vai encerrar as atividades no Irã. A estatal perfurou dois poços em busca de petróleo no país, mas, segundo o diretor da área internacional, Jorge Zelada, a empresa já iniciou o processo de devolução das concessões e caminha para fechar sua representação iraniana. De acordo com o Estadão, desde 2004, quando chegou ao Irã, a Petrobras tem sofrido pressões, sobretudo de investidores norte-americanos, para deixar o país. Em 2007, o governador da Flórida, Charlie Crist, cancelou reunião com a estatal, durante visita ao Brasil, alegando que “não faz negócios com companhias que patrocinam o terror”. Zelada disse que a Petrobras não está cedendo às pressões, mas que a decisão é “estritamente técnica”. Os poços, segundo ele, não são rentáveis. A estatal chegou a encontrar óleo, mas não o suficiente para bancar o investimento.
Política
5. Eles estão de volta
A eleição interna do PT, que vai escolher seus novos dirigentes, pode trazer de volta à cena política oito envolvidos, direta ou indiretamente, no escândalo do mensalão. Todos fazem parte da chapa do favorito para ganhar, o ex-diretor da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra. Segundo a Folha (para assinantes), uma vitória de Dutra já no primeiro turno (como parece provável) abre espaço para que eles assumam cargos na direção do PT, que terá a missão de eleger a ministra Dilma Rousseff presidente em 2010. Fazem parte da chapa de Dutra o ex-ministro José Dirceu, os deputados José Genoino, José Mentor, José Nobre Guimarães e João Paulo Cunha, os ex-deputados Angela Guadagnin e Josias Gomes, e Mônica Valente, mulher do ex-tesoureiro Delúbio Soares, que saiu do PT e é apontado como pivô do caso.
6. Blogs censurados no MT
Um juiz de Cuiabá proibiu dois blogueiros – a economista Adriana Vandoni e o jornalista Enock Cavalcanti – de publicar opiniões pessoais sobre denúncias movidas pela Promotoria contra o deputado e presidente da Assembleia do Mato Grosso, José Riva (PP). A multa, caso a decisão não seja acatada, foi estipulada em R$ 1 mil. A liminar determina que um dos blogs tire três notícias do ar, sob pena de multa diária de R$ 500. O juiz afirma que os blogueiros não podem acusar Riva – que tem 92 ações por improbidade administrativa e 17 ações criminais – sem um julgamento definitivo que confirme as denúncias, sem possibilidade de recursos. Com informações do portal Terra.
Saúde
7. Mudança na prevenção do câncer de mama
Um estudo lançado ontem nos Estados Unidos – feito por um órgão ligado ao governo muito influente entre médicos e formuladores de políticas públicas de saúde – sugere uma mudança radical na aplicação do exame para detectar o câncer de mama. As mulheres devem fazer o exame anual apenas a partir dos 50 anos, e não mais a partir dos 40 (com exceção daquelas que apresentam fatores de risco, um grupo pequeno, segundo o The New York Times – em inglês). Mesmo entre a faixa dos 50 e 74 anos, a frequência de realização do exame deve ser apenas a cada dois anos. A decisão foi apoiada por especialistas que acreditam que as mamografias podem ser prejudiciais às pacientes. Biopsias, por exemplo, trazem situações de estresse para as mulheres e algumas mamografias detectam cânceres tão inofensivos que resultam em tratamentos desnecessários. Se comparados com os benefícios da mamografia, que reduzem a morte por câncer de mama em apenas 15%, os danos precisam ser levados em conta. Especialmente pelas mulheres na faixa dos 40 que, nos Estados Unidos, são as que mais fazem mamografia – e as que menos têm chance de fato de ter a doença.
Sociedade
8. Desligamento antes do apagão
Os problemas com o fornecimento de energia no dia do apagão começaram quase nove horas antes do blecaute que atingiu 18 Estados na semana passada. De acordo com o um relatório de Itaipu, enviado ao Ministério Público, que investiga as causas do apagão, às 13h30, uma linha de transmissão no trecho entre Itaberá e Tijuco Preto, no interior de São Paulo, foi desligada “supostamente por descarga atmosférica”. A linha ficou desligada por 25 minutos. O apagão que afetou boa parte do Brasil começou às 22h13. De acordo com a rádio CBN, que obteve o relatório, o assessor da usina, Gilmar Piolla, disse que o relatório não fala em “pane”. Tratou-se de um procedimento de rotina de desligamento e religamento. Segundo ele, o procedimento nada tem a ver com o blecaute ocorrido no mesmo dia. Outro fato que também dizem que não tem a ver com o apagão: a invasão do site do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A invasão à rede corporativa do operador foi confirmada, mas, segundo o órgão, a brecha foi corrigida no mesmo dia e não há qualquer indício de invasão à rede operacional, informa o G1. Ou seja, a hipótese de que o apagão tenha sido causado por piratas da internet continua oficialmente descartada.
Justiça
9. Movimentação bilionária
As seis empresas offshore ligadas à Igreja Universal, do bispo Edir Macedo, investigadas pelo governo dos Estados Unidos, movimentaram, somente naquele país, US$ 862 milhões (perto de R$ 1,5 bilhão pelo câmbio de ontem). As empresas são ligadas a cinco doleiros brasileiros. O valor foi revelado pela Folha (para assinantes), que o obteve a partir dos arquivos da CPI do Banestado e de decisão tomada em 2005 pelo juiz federal do Paraná Sergio Moro, que acolheu denúncia contra operadores da casa de câmbio Diskline. A agência, que tinha sede em São Paulo e filial carioca, mas hoje está desativada, é investigada por suposto envio, fora do canal do Banco Central, de US$ 1,8 milhão para uma conta da Universal nos EUA. Na semana passada, o Ministério Público de São Paulo e o governo dos Estados Unidos fizeram acordo de cooperação para a devassa nas contas da Universal. O objetivo da cooperação é obter documentos que possam ser usados na ação penal que tramita desde agosto em São Paulo contra Edir Macedo e nove pessoas da igreja por supostas lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Mundo
10. Pressão sobre o Irã
A Agência Internacional de Energia Nuclear, ligada à ONU, está desconfiada de que o Irã guarde mais segredos sobre a sua produção nuclear. Ontem saiu o relatório da primeira inspeção feita na usina de urânio que o país admitiu manter, há dois meses. A equipe da agência diz que a planta do local “corresponde com as informações fornecidas pelo governo iraniano”, mas “as explicações iranianas sobre a finalidade do local e a cronologia de seu projeto e construção precisam de mais esclarecimentos”. O The Washington Post (em inglês) afirma ainda que há suspeitas de existir outras instalações nucleares secretas. Em resposta, o governo do Irã atacou a agência, dizendo que o relatório é ambíguo e que foi feito sob pressão política dos Estados Unidos, informa a agência de notícias EFE.
Seja o primeiro a comentar
Postar um comentário