Governo pode reestatizar parte do setor de fertilizantes, diz Stephanes
Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O valor dos fertilizantes, ao lado do aumento da demanda, é considerado o item de maior peso dentro do aumento dos preços dos alimentos, que vem pressionando a inflação.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que os fertilizantes representam, atualmente, quase 40% do custo de produção, e, como se tornaram um item de preocupação, o governo pode intervir no setor.
"Em princípio, nós queremos que nossas minas sejam exploradas. Mas, se for necessário, evidentemente a Petrobras terá que entrar nisso. Se for o caso, nós vamos agir também, ou até reestatizar alguns setores que são necessários", afirmou Stephanes.
O ministro disse que o governo já tem o "diagnóstico" da situação. Sabe que apenas 40 países produzem fósforo, e outros 12, o potássio, os dois elementos que, junto com os nitrogenados, são os principais componentes do adubo. Stephanes acredita que no caso do potássio, por exemplo, pode haver problemas maiores no futuro, até de desabastecimento.
"Diria que é um item estratégico para o Brasil, já que o país é altamente dependente da importação de fertilizantes. Já sabemos que no caso do fósforo temos minas para nos tornarmos auto-suficientes no prazo de 5 a 10 anos, em nitrogenados também temos essas condições, e no caso do potássio temos também uma grande mina que precisa de uma análise mais técnica e ambiental porque ela fica situada no Amazonas", afirmou.
O Brasil importa, atualmente, cerca de 70% dos fertilizantes que utiliza. Além disso, mais de 75% do mercado nacional de fertilizantes é controlado por apenas três empresas, o que é apontado por alguns técnicos da área agrícola como um oligopólio que prejudica os produtores. O ministro da Agricultura diz que, apesar da complexidade do mercado, o governo já estuda algumas soluções para o problema.
"Mexer nessa estrutura não é fácil, mas, de qualquer forma, o Brasil tem todo esse estudo, esse levantamento, e tem algumas idéias de como melhorar a competitividade e a nossa capacidade de produção e de distribuição, e evitar essa volatilidade de preço que existe, ou até esse controle sobre os preços", disse.
Stephanes explicou como seria uma possível estatização do setor. "Quando a gente fala de estatizar, não significa aquela idéia antiga de estatismo, mas sim que a Petrobras, como grande empresa produtora, poderá se associar a algumas empresas privadas [brasileiras], ou mesmo a cooperativas, no sentido de atuar em determinados setores."
Segundo Stephanes, a Petrobras tem papel fundamental no contexto de alta nos preços dos fertilizantes, podendo, inclusive, atuar na exploração das jazidas de fósforo e, mesmo sem se associar a outras empresas, "influir" na exploração de potássio no Amazonas. Atualmente, a estatal brasileira atua na extração de gás natural, matéria-prima dos fertilizantes simples nitrogenados.
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