Dono do carro localizado
Polícia confirma que R$ 3 mi foram retirados de Honda de empresário e irmão de Celcita Pinheiro, Air Bondespacho
ALEXANDRE APRÁ
Especial para o Diário
Foto: GERALDO TAVARES/DC
Delegado disse não entender por que não foi feito registro policial sobre roubo e aguarda depoimento de Air
Depois de vários interrogatórios, a Polícia Civil confirmou que o proprietário do carro onde foram furtados R$ 3 milhões em julho deste ano é do empresário Air Bondespacho e Silva, irmão da ex-deputada federal e secretária municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Humano, Celcita Pinheiro. Apesar do alto valor, até agora a polícia não identificou qualquer registro de boletim de ocorrência sobre o furto, divulgado pelo Diário em julho, com exclusividade.
Os investigadores da Gerência de Repressão a Seqüestros e Investigações Especiais (Gresie) chegaram até os autores do furto - Vilmar da Silva Souza, o “Cocó”, o irmão dele, Anderson da Silva Souza, e Marcelo da Silva - após suspeitarem que eles teriam participação no assalto a uma agência do Bradesco em junho deste ano, de onde foram levados cerca de R$ 300 mil.
A suspeita se deu depois que os assaltantes, velhos conhecidos dos policiais da região do bairro Santa Isabel, começaram a esbanjar dinheiro em carros luxuosos. Depois de investigação, foi constatado que eles, inclusive, chegaram a fazer viagens ao litoral brasileiro após o roubo.
Segundo Luciano Inácio da Silva, delegado-chefe do Gresie, os ladrões compraram um caminhão bitrem, uma picape Toyota Hilux, duas motocicletas – uma de mil e outra de 600 cilindradas -, além de imóveis em Cuiabá e Campo Grande, totalizando R$ 800 mil.
Apesar de ter conhecimento do fato, o que chama a atenção da polícia é que o roubo não foi registrado em boletim de ocorrência. Segundo Luciano, os advogados do empresário Air Bondespacho informaram que ele viaja e deverá estar em Cuiabá na próxima semana. Ele será chamado para depor e prestar esclarecimentos sobre a origem do dinheiro e porque o caso não foi comunicado à polícia.
Sobre a possível ligação do dinheiro com fins eleitorais, Luciano Inácio foi cauteloso. “Nós trabalhamos com fatos e não com suposições. Todas as dúvidas só serão tiradas depois do depoimento do empresário”, pontuou o delegado.
Depois de confessar a autoria do furto, que aconteceu num edifício no bairro Duque de Caxias, os policiais constaram que o trio não tinha nada a ver com o assalto à agência do Bradesco. Nos depoimentos, os rapazes confessaram ser os autores do “roubo milionário”, como o caso ficou conhecido na cidade.
Os três assaltantes revelaram que receberam instruções de um funcionário do edifício sobre um pacote com dinheiro dentro de um Honda Fit estacionado na garagem. “Eles acharam que o valor era de cerca de R$ 40 mil, mas, quando foram conferir, tinha R$ 3 milhões”, disse o delegado.
O empresário Air Bondespacho também já foi acusado de ter recebido dois cheques no valor de R$ 50 mil cada de Luiz Antônio Vedoin, apontado como o líder do esquema sanguessuga, que fazia transações fraudulentas na compra de ambulâncias. Na época, a então deputada federal Celcita Pinheiro negou que os negócios feitos pelos Vedoin tivessem a ver com a sua atuação parlamentar, mas ela é processada pelo Ministério Público denunciada no episódio.

Postar um comentário