sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Cerca de 400 passageiros passam mal em cruzeiro Rio-Recife

09/01/2009 01:22:00

Carol Medeiros


Rio - A viagem de sete dias pelo litoral do Brasil que prometia sol e diversão se transformou num suplício para quase 400 dos 2 mil passageiros do Cruzeiro MSC Sinfonia, que saiu do Rio no dia 2 em direção ao Recife. No segundo dia de viagem, vários passageiros começaram a passar mal. O navio parou em Salvador e foi proibido de deixar o porto até que fosse descoberta a causa dos sintomas. Pelo menos 397 pessoas apresentaram quadro de gastroenterite, com febre, vômitos, diarréia e dores abdominais.

“Eu olhava pela janela da minha cabine e via gente vomitando para fora do navio. Estou com crianças e meu medo era que elas ficassem doentes. Tive febre de 40 graus e muita dor”, contou a empresária Gabriele Viana, 28 anos. Das 20 pessoas do seu grupo, quatro tiveram os sintomas.

Em vistoria realizada ontem, técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) detectaram baixo teor de cloro nos pontos de distribuição de água potável, o que pode facilitar o surgimento de bactérias, e problemas na conservação da maionese (que deve ser mantida entre 0 a 15 graus, mas estava a 22), que podem permitir a proliferação da bactéria salmonela. A agência trabalha ainda com a hipótese de rotavírus, mas a confirmação só sairá nos próximos dias, com o resultado dos exames laboratoriais feitos nos passageiros. O navio partiu ontem à noite de volta ao Rio.

Navio cobrava 40 dólares pela consulta

Segundo a MSC Cruzeiros, 38 passageiros foram atendidos no posto médico do transatlântico. Já de acordo com a Anvisa, 40 pessoas receberam atendimento. Todos que apresentaram sintomas tiveram que preencher um questionário da agência.

“No dia seguinte ao embarque, fui ao banheiro mais de 20 vezes. Tive muita dor de barriga, febre, calafrios e vomitei muito. Fui ao posto médico e quiseram me cobrar 40 dólares (R$ 92) a consulta. Resolvi tomar remédio e soro em pó por conta própria. Vim comemorar meu aniversário com amigos num cruzeiro e perdi dois dias da viagem porque não saí do quarto”, relatou a operadora de telemarketing Carolina Maria Pouchain, 31 anos.

Passageiros viram pelo menos cinco ambulâncias do Samu atendendo doentes. Segundo eles, alguns foram transferidos para um hospital local, mas a Secretaria de Saúde de Salvador não confirmou. “A fila do posto médico parecia de hospital público. Aqui está o caos”, desabafou o DJ José Carlos Nele, que viu três pessoas do seu grupo passarem mal.

PASSAGEIRA MORREU NA SEGUNDA

A passageira Aline Mion Almeida, 32 anos, morreu segunda-feira, quando o MSC Sinfonia estava próximo a Recife. Segundo a Polícia Federal, Aline, que era cadeirante e estava acompanhada dos pais e de uma enfermeira, morreu em decorrência de doença degenerativa. O IML pernambucano deve liberar o laudo com a causa da morte em 15 dias.

A Anvisa determinou que água e alimentos fossem monitorados até o término do cruzeiro e os resultados entregues no posto do Porto do Rio, aonde o transatlântico chega amanhã. A tripulação foi obrigada a oferecer água mineral engarrafada grátis. Antes, a mais barata custava R$ 8 e a maioria optou por beber a opção gratuita da máquina que servia café.

Com o clima de medo, passageiros contaram que, em mensagem através do sistema de som do navio, a empresa se eximia de qualquer responsabilidade pelo ocorrido. Em nota, a MSC Cruzeiros informou que dará 25% de desconto em futuros cruzeiros da companhia como forma de recompensar os passageiros.

O Dia

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