As dez mais de 20 de fevereiro
Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009
Bom dia,
Este é um roteiro do que há de mais relevante nos principais jornais do país hoje. Todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, o boletim eletrônico estará disponivel no site de AGUA BOA NEWS.
Boa leitura.
1. Lula se irrita com a megademissão da Embraer
Anúncios de cortes de funcionários já pipocavam em grandes empresas brasileiras, mas nada comparável à demissão em massa divulgada pela Embraer, quarta maior fabricante de aviões do mundo: 4.270 empregados, ou 20% do quadro total da empresa. Segundo a Embraer, o motivo é um só: a crise internacional, que causou efeitos desastrosos para uma empresa cuja receita depende 90% das exportações. Segundo a Folha (para assinantes), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou indignado com a medida, pois o governo ajudou a capitalizar a empresa. Os sindicalistas dizem que a diretoria não se esforçou em negociar alternativas para diminuir o número de demitidos.
2. Falta dinheiro para ampliar o seguro-desemprego
No início do mês, o governo anunciou que aumentaria as parcelas do seguro-desemprego para os trabalhadores de setores mais prejudicados pela crise, mas o Estadão informa nesta sexta-feira que o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) não tem caixa suficiente para bancar essa ampliação. Se o governo não quiser suspender a proposta, terá de usar recursos adicionais do Tesouro ou reduzir empréstimos do FAT ao setor produtivo. É a lógica do cobertor curto.
Política e Justiça
3. Tarso pede correção por frase sobre Dilma
O ministro da Justiça, Tarso Genro, pediu ao jornal espanhol El País que se corrija a declaração, dada por ele numa entrevista publicada ontem, sobre o fato de Lula ser um “obstáculo” para a candidatura de Dilma Rousseff. Segundo a BBC Brasil, Tarso afirma que usou a palavra “handicap”. “No Brasil, tem uma conotação positiva. No entanto, ela foi interpretada num sentido completamente oposto ao que me referi.” Uma consulta ao Houaiss mostra que handicap pode ser “vantagem que se concede a um ou mais competidores (pessoa ou animal) para compensar deficiências de sua parte” ou, por derivação, “qualquer desvantagem que torna mais difícil o sucesso”. Conclusão: o jornalista espanhol errou ao não tirar a dúvida sobre uma declaração polêmica ali, na hora da conversa, mas convenhamos que Tarso poderia ter facilitado as coisas. Para que usar “handicap”?
4. Em carta, Battisti se pergunta: “Por que eu?”
Meio deixado de lado nos últimos dias, o caso Cesare Battisti voltou a ser comentado por conta de uma carta atribuída a ele e lida em plenário, ontem, pelo senador José Nery (PSOL-PA). No documento, intitulado “Por que eu?”, o ex-terrorista condenado na Itália à prisão perpétua por quatro assassinatos diz que é vítima de “uma multidão manipulada” pelas autoridades italianas. “Deixei me tratarem de assassino, ladrão, estuprador e muitas outras coisas”, afirma Battisti. Segundo O Globo, a decisão do Supremo sobre ratificar ou não a concessão de refúgio político a Battisti deve sair só na semana seguinte à do Carnaval.
Sociedade
5. Por que as pessoas mentem?
É esta pergunta que a matéria de capa de ÉPOCA deste fim de semana tenta responder, num momento em que há muito mais evidências convergindo para uma possível fraude montada por Paula Oliveira, que teria sido agredida por neonazistas numa estação de trem perto de Zurique, na Suíça. “Mentimos para o guarda, para não tomar uma multa, e para o Fisco, para pagar menos impostos. Atletas mentem para competir dopados, investigadores mentem para apanhar criminosos, políticos mentem... por vários motivos”, diz o texto. O problema é quando a mentira foge dos limites e ganha repercussão internacional. Se Paula confessou mesmo a farsa, é um caso claro para tratamento psiquiátrico. Mas, pela lei suíça, pode terminar em prisão de até três anos, infelizmente.
6. Os assaltos a estrangeiros no Rio
O Rio de Janeiro é uma cidade tão bonita e atraente que milhares de turistas continuam a visitá-la todos os anos, mesmo com os constantes assaltos que deveriam desmotivá-los. O alvo desta vez foi um albergue no centro, onde roupas, dinheiro e até passaportes de 34 hóspedes foram levados por um grupo de criminosos. Num passeio pela Floresta da Tijuca, dez alemães e americanos foram atacados por dois homens armados. Ao Globo, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) disse que o assalto no albergue é (obviamente) ruim para a cidade. O que preocupa é o que ele falou em seguida: “Não vamos valorizar isso. Vamos valorizar o que o Rio tem de bom, que é um belo carnaval, blocos animados.” É pensando assim que esses episódios “teimam” em acontecer de novo. Mas quem valoriza isso?
Mundo
7. Netanyahu é escolhido para formar o governo em Israel
De novo, não deu para Tzipi Livni. Quando o atual premiê de Israel, Ehud Olmert, anunciou sua renúncia, a ministra das Relações Exteriores teve a chance de formar a coalizão para ser primeira-ministra, mas fracassou. Hoje, nova decepção: o presidente Shimon Peres convidou o direitista Binyamin Netanyahu (que já foi premiê nos anos 90) a montar o novo governo, mesmo com o fato de o centrista Kadima, partido de Tzipi, ter conseguido o maior número de cadeiras na Knesset (parlamento de Israel). Contando com o apoio do ultranacionalista Avigdor Lieberman, cujo partido conseguiu 15 cadeiras na Knesset, dificilmente “Bibi” Netanyahu não terá força para ser o primeiro-ministro israelense. Segundo o jornal Haaretz, porém, ele já pediu o apoio do Kadima e do bloco de esquerda para “uma grande coalizão”.
8. Argentina decide expulsar bispo que nega Holocausto
O bispo ultraconservador inglês Richard Williamson não deve ter pensado muito bem nas consequências de sua entrevista a uma TV sueca, na qual ele negou a existência das câmaras de gás em campos de extermínio nazistas. Depois de enfurecer a comunidade judaica, Williamson se vê agora sob a condição de deixar em até dez dias a Argentina, onde vivia desde 2003. A pressão sobre o governo argentino para expulsar o bispo foi tanta que, segundo o jornal Clarín, foi preciso encontrar um meio de tirá-lo do país, uma vez que a legislação de lá não prevê como crime a negação do Holocausto. Williamson está sendo “convidado” a deixar a Argentina porque entrou no país com irregularidades em sua documentação.
9. O deprimente balanço do NY Times em 2008
O jornal Valor Econômico dedica a capa de seu caderno Eu & Fim de Semana à situação financeira do jornal mais influente do mundo, o The New York Times. E a leitura do balanço do Times em 2008, diz o Valor, é deprimente. A receita, de US$ 2,95 bilhões, é 7,7% menor que a de 2007 e próxima da de 1998 – ou seja, a empresa praticamente estacionou em uma década. A receita publicitária encolheu 13,1%, e o prejuízo geral foi de US$ 57,8 milhões. Parece que o dinheiro do bilionário mexicano Carlos Slim, se vier mesmo, será decisivo para o jornal se manter.
10. Brasil é o 3º país com mais línguas em risco de extinção
Esta vale mais pelo pitoresco. A nova edição do Atlas Interativo de Línguas em Perigo no Mundo, apresentado ontem pela Unesco, mostra que o Brasil é o terceiro país com o maior número de idiomas ameaçados de desaparecer. No mundo todo, são 2,5 mil línguas com risco de sumir até o fim deste século. O kaixána e o apiaká, por exemplo, estão muito perto do fim, informa O Globo: cada uma dessas línguas indígenas é falada por apenas uma (isso mesmo, uma) pessoa. No caso do kaixána, o “sobrevivente” é Raimundo Avelino, de 78 anos, que vive em Japurá (AM).

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