quinta-feira, 5 de março de 2009

Abicalil no esquema das passagens

Editado por Kassu - 05/03/2009 às 22h35
AGUA BOA NEWS



Apontado como um dos eventuais candidatos da aliança governista para disputar o Governo de Mato Grosso, o deputado federal Carlos Abicalil, do Partido dos Trabalhadores, viu seu nome surgir em mais um escândalo no Congresso Nacional: o desvio de cotas de passagens aéreas, cujo esquema se transformou em salário indireto ou sendo usado por parentes dos políticos. O caso tem como base uma denúncia de peculato e estelionato qualificado contra o ex-deputado Lino Rossi, justamente por irregularidades e uso indevido desses dois benefícios.

O nome do parlamentar mato-grossense foi envolvido nas investigações contra um ex-assessor do Senado, Marco Antônio Bogéa, vigiado pela Polícia Federal, que levou uma mala de Brasília para São Paulo, no dia 19 de julho do ano passado, a pedido do empresário Fernando Sarney. A Câmara pagou a passagem, emitida nas cotas de Abicalil e do deputado Valadares Filho (PSB-SE). A descoberta da PF mostrou um pouco mais do complexo mundo do sistema de cotas das passagens aéreas disponibilizadas aos parlamentares e revelou o uso indevido das cotas.

A partir de informações repassadas à Polícia Federal pela TAM também é possível ver o nome do deputado Carlos Abicalil em uma das planilhas de expedição da passagem usada na loja da companhia aérea na Câmara. A informação indica que a passagem foi expedida por meio da cota mensal a que Abicalil tem direito para fazer deslocamentos semanais entre Brasília e seu estado de origem.

O deputado federal de Mato Grosso fiz ter levado um susto e ficou indignado quando soube que o bilhete usado pelo investigado saíra em seu nome. Apontado como um dos políticos de credibilidade elevada no Estado, Abicalil disse, em nota, que sua cota foi emprestada, "sem o seu conhecimento prévio" ao gabinete do deputado Valadares Filho (PSB-SE). O deputado sergipano também nega que tenha emitido o bilhete e afirma que não conhece Bogéa.

"Estou muito tranquilo em relação a isso. Nunca vi e não sei quem é esse sujeito. Já verifiquei, e do meu gabinete essa passagem não saiu", disse ao site Valadares Filho, filho do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). Mas o deputado admitiu que emite passagens para assessores e amigos que precisam vir até Brasília vindos de Sergipe. "Se eu tenho um amigo do interior do estado que precisa de um tratamento no Sara, por exemplo, emito a passagem. Concordo que é preciso de regras claras nessa questão, mas por enquanto não existem", ponderou o deputado sergipano.

Apesar das declarações do colega, Abicalil diz que "a transferência de cotas aéreas para outras finalidades" é "prática inaceitável" e informou ter tomado providências. "Tão logo houve notícia da transferência de cota aérea, o deputado tomou as devidas providências – de forma a punir administrativamente o funcionário responsável", diz o deputado petista. O deputado também pediu informações detalhadas da TAM sobre o episódio.

Os delegados afirmam que pediram informações à TAM sobre o bilhetes usados por Bogéa porque seu salário na TV Senado, pago pela Ipanema Empresa de Serviços Gerais e Transportes LTda - empresa investigada pelo Ministério Público Federal por supostos contratos irregulares com o Senado - era insuficiente para que ele pudesse acumular 41.875 pontos na TAM. O salário de Bogéa, segundo apurou o site, era de R$ R$ 1.406,76. Em resposta aos federais a companhia aérea informou toda a movimentação do bilhete que gerou a passagem no valor de R$ 1.778,84, o que fez os delegados concluírem que "a passagem teria sido paga pela Câmara dos deputados,conforme resposta encaminhada por e-mail":

A falta de controle na venda de passagens aéreas da cota dos deputados, que acabam virando salário indireto ou sendo usadas por parentes, é alvo de um pedido de investigação encaminhado pelo Ministério Público Federal (MPF), em Brasília, à Procuradoria Geral da República. O caso tem como base uma denúncia de peculato e estelionato qualificado contra o ex-deputado Lino Rossi, justamente por irregularidades e uso indevido desses dois benefícios. O MPF já pediu informações sobre os beneficiários das cotas dos deputados as três principais empresas aéreas, TAM, Gol e Varig.

Além dessa investigação, três deputados são investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por uso indevido de suas cotas. Passagens aéreas que deveriam servir aos ex-deputados Maurício Rabelo (TO) e Milton Barbosa (BA) e ao deputado Luiz Bittencourt (PMDB-GO) foram parar numa agência de turismo de Maringá (PR).

Ainda em dezembro de 2006, o promotor estadual de Defesa do Patrimônio Público, José Aparecido Cruz, de Maringá, abriu inquérito civil público para apurar a comercialização de passagens aéreas das cotas pessoais desses deputados pela Katar Turismo. Passagens emitidas em nome dos parlamentares foram vendidas para a câmara de vereadores e a prefeitura de Maringá. O caso é tratado na Petição 4273, sob análise do ministro Cezar Peluso desde o dia 10 de março deste ano. Além do deputado, o dono da Katar, Waldir Furlan Júnior, também é citado pelo MPF.
Fonte: Da Redação/24Horas News

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