As dez mais de 12 de março
Quinta-feira, 12 de Março de 2009
Edição de Kassu - 12/03/2009 às 12h14
Boa tarde,
Este é um roteiro do que há de mais relevante nos principais jornais do país hoje. Todos os dias, de segunda a sexta-feira, o boletim eletrônico estará disponivel em AGUA BOA NEWS
Boa leitura.
1. Juros: à espera da missa ecumênica de Delfim Netto
Promessa é dívida. Ontem, os jornais publicaram a declaração do economista e ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto de que mandaria rezar “uma missa ecumênica” caso o Copom cortasse a taxa básica de juros em 1,5 ponto porcentual. Dado o conservadorismo do comitê, Delfim tinha razão para desconfiar da improbabilidade desse fato. Mas a crise pegou tão pesado na economia brasileira que o Copom “complicou” a vida de Delfim: cortou a Selic justamente em 1,5 ponto porcentual, a maior queda em cinco anos. Segundo O Globo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou que a redução vai abrir espaço para uma política mais agressiva nos juros básicos. Delfim que tome cuidado com a próxima promessa que fizer.
2. Os efeitos da crise na lista de bilionários da Forbes
Saiu no fim da tarde de ontem a aguardada lista de bilionários da revista americana Forbes. E os efeitos da crise financeira foram bem visíveis. O número de pessoas com fortuna acima de US$ 1 bilhão caiu de 1.125, em 2008, para 793. O dinheiro nas mãos dos bilionários diminuiu 45%, ou US$ 2 trilhões, o equivalente ao PIB da Itália. “Como o resto das pessoas, os mais ricos do planeta têm encarado um desastre financeiro”, diz a Forbes. O maior bilionário voltou a ser Bill Gates, cuja fortuna pessoal é de US$ 40 bilhões. No Brasil, o homem mais rico é o empresário Eike Batista, que possui US$ 7,5 bilhões. No site de ÉPOCA é possível ver a lista só com os brasileiros.
3. Time mostra boom dos negócios nas favelas brasileiras
Nem mesmo a pior recessão mundial faz diminuir a venda de xampus, batons e esmaltes na pequena lojinha de cosméticos de Maria Irecê da Silva, no Jardim Carumbé, periferia de São Paulo. É assim que começa uma reportagem da revista americana Time, que foi até lá para mostrar um “boom econômico” nas favelas brasileiras. O texto diz que o sucesso de Maria revela duas verdades sobre o Brasil de hoje. A primeira é que os brasileiros, sejam ricos ou pobres, brancos ou negros, compartilham uma convicção de que “nada é mais importante do que manter uma boa imagem”, daí a procura aquecida por cosméticos mesmo em tempos bicudos. A segunda é que, enquanto os EUA e a Europa sentem “uma dolorosa contração” na economia, o Brasil espera continuar crescendo – o último resultado do PIB, porém, já põe em xeque a tese da Time.
4. Lula vai pedir a Obama fim das barreiras ao álcool
O presidente Lula vai se encontrar neste sábado pela primeira vez com seu colega americano, Barack Obama, em Washington, e vai pedir empenho dos Estados Unidos para evitar medidas protecionistas, como o fim das restrições à importação do etanol brasileiro. Ele deverá cobrar também uma solução para a cambaleante Rodada Doha e uma ação mais efetiva do governo americano sobre os bancos, sem descartar a estatização temporária. Segundo a Folha (para assinantes), há a preocupação no Palácio do Planalto quanto a uma “boa química” no encontro de sábado. Isso parece de menos, pois Lula e Obama já demonstraram ter algumas afinidades. Mas não é só química que desembaraça os pontos complicados da conversa entre os dois.
5. Preço dos remédios vai subir até o dia 31
Está no Globo: o governo deve autorizar os laboratórios a reajustar os preços de vários medicamentos em 5,9% a partir do dia 31. Entre os medicamentos que vão subir de preço estão antibióticos, antiinflamatórios e ansiolíticos, justamente os tipos mais consumidos pelos brasileiros. O reajuste se deve ao repasse da inflação medida pelo IPCA, no acumulado dos últimos 12 meses. O Prozac com 28 comprimidos, por exemplo, deve passar de R$ 98,59 para R$ 104,41, diz o jornal carioca.
Sociedade
6. ONU fracassou nas políticas antidrogas, diz Comissão Europeia
Apresentado ontem e divulgado pelo jornal inglês The Guardian, um relatório da Comissão Europeia – órgão executivo da União Europeia – afirma que a estratégia das Nações Unidas no combate mundial às drogas na última década foi um grande fracasso. “Não há evidências de que o problema global tenha sido reduzido”, diz o documento, divulgado na véspera da abertura de um congresso internacional, em Viena, para avaliar as políticas públicas nesse setor. Segundo a Comissão Europeia, a ONU conseguiu apenas transferir o problema geograficamente, com a diminuição do consumo de cocaína e heroína em alguns países do Ocidente e seu aumento em outras regiões, como no Leste Europeu.
7. Gilmar Mendes defende “corregedoria judicial” para a PF
O presidente do Supremo, Gilmar Mendes, definitivamente não foge de uma polêmica, quando ele mesmo não as cria. Ontem, ele defendeu a criação de uma corregedoria judicial de polícia “para que não haja mais um órgão com acúmulo exagerado de poder”, numa referência às supostas irregularidades cometidas pelo delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz durante a Operação Satiagraha. Não é de hoje que Mendes compra briga com a PF, e sua proposta busca impor um freio, via Judiciário, aos eventuais abusos. Segundo o Estadão, a ideia causou insatisfação no Ministério Público Federal. “O ministro não refletiu bem sobre a questão. A Constituição estabelece que o controle externo da atividade policial cabe ao Ministério Público. Esse controle é permanente”, disse Luiza Cristina Fonseca Frischeisen, procuradora-regional chefe em São Paulo.
Mundo
8. Polícia alemã tenta entender razões do massacre em escola
A polícia da Alemanha tenta entender por que Thomas Kretschmer, de 17 anos, protagonizou um massacre em sua ex-escola, deixando 16 mortos. Segundo a BBC Brasil, ele avisou numa sala de bate-papo da internet que cometeria o crime. “Ninguém sabe do que sou capaz. Tenho armas, vou a minha escola...Mantenha os olhos e ouvidos abertos, lembrem do nome do lugar, Willenden.” Como é comum nesses casos, já se tentou fazer uma associação com o fato de que ele gostava de jogos de computador violentos. Mas, segundo seu treinador de tênis de mesa – um dos esportes preferidos de Thomas –, o atirador era um rapaz arrogante, mas não agressivo. O que intriga os policiais foi a suposta preferência de Thomas por atirar em mulheres – a maioria das vítimas era do sexo feminino.
9. Jornalista que jogou sapatos contra Bush pega três anos de prisão
O jornalista iraquiano Muntader al-Zaidi, que ficou mundialmente conhecido ao atirar seus próprios sapatos contra o ex-presidente americano George W. Bush, durante uma entrevista coletiva em Bagdá em 14 de dezembro do ano passado, foi condenado ontem a três anos de prisão. Antes de o veredicto ser anunciado, informa o The New York Times, os repórteres foram retirados da sala do julgamento. Logo após a divulgação da pena, que poderia alcançar até 15 anos de prisão, dezenas de familiares e pessoas que apoiaram o ato de al-Zaidi expressaram sua indignação. Levando em conta como boa parte do mundo árabe idolatrou o jornalista, é bem possível a figura de al-Zaidi se torne recorrente em protestos antiamericanos.
Esporte
10. Governo quer cadastrar torcedores de futebol
O ministro do Esporte, Orlando Silva, anunciou ontem a criação de um cadastro nacional de torcedores de futebol, com o objetivo de coibir a violência nos estádios. Os torcedores, tanto comuns quanto os de organizadas, precisarão fazer um pré-cadastramento na internet para receber um cartão eletrônico com o registro de suas digitais. “Ao passar pelas catracas de estádios com capacidade superior a 10 mil pessoas, o acesso será permitido caso sua digital coincida com a que consta no cartão”, explica a Folha (para assinantes). A ideia é colocar o sistema em funcionamento já no Brasileirão do ano que vem. O cartão-torcedor será acompanhado de mudanças no Estatuto do Torcedor que criminalizam atos violentos nos estádios, mas elas dependem de aprovação no Congresso. Se esse projeto der certo, assistir a uma partida de futebol será apenas uma forma de lazer, e não um programa arriscado.

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