Polícia investiga homem que causou tragédia em Goiânia
Ainda não se sabe como Kleber Barbosa da Silva pilotou o avião sem licença. Os policiais acreditam que ele tinha prática em aeronaves ultraleves, além de usar simulador para computadores.
Editado por Kassu - 14/03/2009 às 09h39
AGUA BOA NEWS
A polícia de Goiás acredita que o homem que roubou um avião e caiu com a filha em um shopping de Goiânia tivesse alguma prática em aeronaves ultraleves, além de usar simulador para computadores.
O corpo da menina foi velado e sepultado nesta sexta-feira. A polícia solicitou exames toxicológicos para saber se o sequestrador estava sob efeito de drogas.
Com ferimentos na cabeça, no braço e na perna, Érika Correia deixou nesta sexta-feira o hospital. Foi direto para o velório da filha. Ficou poucos minutos e saiu em silêncio.
O corpo de Penélope Barbosa, de 5 anos, foi enterrado no início da tarde. “Era uma menina vaidosa, gostava muito de se arrumar, extrovertida, uma menina que gostava de brincar, normal”, conta a tia, Elaine Correia.
O corpo de Kleber Barbosa da Silva, pai da menina, foi velado em outro cemitério da capital. “Minha irmã ligou lá em casa, me avisou, eu tinha acabado de chegar do trabalho, ela me avisou, eu não estava acreditando. Aí ela ligou de novo e falou que era o Kleber, Kleber Barbosa da Silva, e aí que eu fui cair na real que era o meu filho. Imagina como é que eu estou, estou péssimo”, afirma o pai de Kleber, Miguel Barbosa da Silva. “A gente está surpreso, a gente está muito abalado com isso tudo, muito abalado mesmo. A gente não tem nem muita palavra para falar para vocês“, diz a madrasta de Kleber, Alzira da Silva Lopes.
Kleber e a filha morreram na queda de um avião no estacionamento do maior shopping de Goiás. Imagens feitas pelas câmeras de segurança registraram o momento em que o monomotor atingiu o solo.
Clientes contaram que escaparam por pouco. “Questão de cinco minutos para eu ir embora, já estava retornando ao estacionamento quando vi a confusão”, conta a estudante Evane Paula da Silva.
Na tarde de quinta-feira, depois de agredir a mulher e jogá-la do carro, Kleber seguiu com a filha para o aeroclube em Luziânia, no entorno de Brasília, onde roubou o monomotor e iniciou uma viagem com destino a Goiânia. Assim que foi informada do roubo do avião, no fim da tarde de quinta-feira, a FAB determinou a decolagem de um Mirage para acompanhar a aeronave roubada.
Controlador: Nós temos uma aeronave roubada, na localidade de Luziânia. A missão é fazer procura baixa, na posição que está sobrevoando no momento, procurar radar baixa.
Piloto do caça: Ciente.
O Mirage localizou o avião e identificou o rumo da aeronave: a cidade de Goiânia. Logo depois, a FAB determinou que uma aeronave se juntasse à missão: um Tucano, com velocidade parecida com a do monomotor roubado.
Segundo a Aeronáutica, os dois pilotos e a torre chamaram o piloto do monomotor por rádio várias vezes, sem resposta. Imagens feitas por funcionários do aeroporto mostram as manobras ousadas que Kleber fez durante os 40 minutos que sobrevoou o local. Ele também assustou os moradores voando baixo entre os prédios da cidade, até cair a menos de 10 metros da entrada principal do shopping. Na hora, cerca de 5 mil pessoas estavam no local. Ninguém ficou ferido. Os destroços do avião e dos carros danificados já foram retirados do estacionamento.
A polícia pediu exame toxicológico no corpo de Kleber para saber se ele estava sob efeito de drogas. Na semana que vem, a mulher dele, Érika Correia deve ser ouvida. Segundo relatos de amigos e parentes, Kleber não trabalhava e era sustentado pela mãe, que mora na Espanha. Entre os parentes, era conhecido como uma pessoa de poucas palavras. “Ele gostava de ficar quieto, isolado, de todo mundo. Depressivo, gente depressiva é dessa forma, desde criança”, revela um tio de Kleber, Valterly Barbosa da Silva.
Uma questão que ainda não foi esclarecida é: como Kleber aprendeu a pilotar. Amigos dele ouvidos informalmente pela polícia disseram que ele gostava de aviões, já tinha pilotado ultraleves e que costumava treinar em um simulador de voo por computador. “Não saía do computador mexendo nesse jogo de avião, nesses ‘trens’”, diz o ex-cunhado Fernando da Silva Menezes.
O instrutor Igor Camargo ficou impressionado com o sangue-frio de Kleber. “As reações que são sentidas no corpo pelo voo e pela altitude que vai indo e o medo de acontecer alguma coisa de errado influem muito no psicológico da pessoa conduzindo a aeronave, e aparentemente ele não tinha medo do que ele estava fazendo”, explica.
Kleber Barbosa da Silva era procurado pela polícia desde terça-feira, suspeito de ter estuprado uma menina de 13 anos na região metropolitana de Goiânia.

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