Um giro pelo Brasil e o Mundo - As dez mais de 6 de março
Sexta-feira, 06 de Março de 2009
Boa tarde,
Este é um roteiro do que há de mais relevante nos principais jornais do país hoje. Todas os dias de segunda a sexta-feira, o boletim eletrônico estará disponivel no AGUA BOA NEWS.
Boa leitura.
1. Lula: PT deve fazer "boa salada" com eleição de Collor
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) chamou de "espúria" a manobra do PMDB para colocar o senador Fernando Collor (PTB-AL) na presidência da Comissão de Infraestrutura da Casa, deixando de fora Ideli Salvatti (SC). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, talvez mais franco sobre como funcionam os conchavos em Brasília, reagiu com naturalidade, como mostra O Globo. "O PT tinha direito (à comissão) se a proporcionalidade tivesse sido respeitada desde o começo. Não foi. Vivendo e aprendendo. E fazer disso uma boa salada", disse o presidente, justificando que o cargo a Collor era parte do acordo para eleger José Sarney (PMDB-AP) presidente do Senado. O que Mercadante viu de tão indigno nisto? Que ponha um tempero na "salada" e bom apetite...
2. Presidente defende estatização de bancos
Na abertura de mais uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, apelidado de Conselhão, Lula disse que os países ricos precisam ter a coragem de, "sem medo da palavra", estatizar os bancos em dificuldades. E, valendo-se das suas queridas metáforas, completou: "O que não pode é a gente ficar colocando água na panela quente sem colocar os ingredientes para fazer a comida, porque a água evapora. O que nós precisamos é colocar os ingredientes para, daquela água, a gente fazer a nossa comida e sobreviver." Curiosamente, embora o assunto não seja exatamente este, a edição desta semana da revista britânica The Economist traz um artigo em que elogia por linhas tortas o fato de boa parte do crédito bancário no Brasil estar sob controle estatal. "Hoje outros países estão tentando saber como gerenciar os bancos e direcionar o crédito para onde os políticos acham necessário. Isso o Brasil já fazia mesmo quando era algo fora de moda."
3. Governo desiste de privatizar aeroportos
Mais um dos planos dados como certos pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, está "subindo no telhado". A manchete do Estadão informa que o governo descartou a ideia de privatizar aeroportos e abrir o capital da Infraero, o que já era tido como decisão oficial. O sinal de que a proposta foi abandonada veio do BNDES, que contratou uma consultoria para fazer uma reestruturação da Infraero, com previsão de conclusão dos estudos em 2010 - ano de eleição, quando dificilmente ocorrerá alguma privatização. O presidente do banco estatal, Luciano Coutinho, disse que a crise econômica mundial complicou uma eventual captação de dinheiro privado para a gestão de aeroportos.
4. PAC da Habitação está emperrado
Fazer o PAC deslanchar tem sido complicado para o governo - agora, até seus "filhotes" teimam em emperrar. Segundo O Globo (íntegra para assinantes), a ministra Dilma Rousseff, a Fazenda e os governadores não conseguem se entender sobre o chamado PAC da Habitação, cujo objetivo é construir 1 milhão de moradias populares até o fim do ano que vem. Os governadores não foram muito receptivos ao pedido do governo para que reduzam impostos sobre materiais de construção para facilitar o plano - até porque alguns veem que a intenção do governo federal não é apenas de estímulo econômico, mas também de fazer uma boa vitrine social às portas das eleições de 2010. E na Fazenda há divergências sobre o Fundo Garantidor, que honrará prestações se o mutuário perder o emprego.
5. Pedidos de recuperação judicial disparam com a crise
Está na manchete da Folha (para assinantes): os pedidos de recuperação judicial, com o qual as empresas com risco de insolvência ganham tempo para pagar seus credores, quadruplicaram nos dois primeiros meses do ano: 135 a 34, na comparação com o mesmo período de 2008. Antes da crise, apenas empresas de grande porte se interessavam por esse mecanismo jurídico, como foi o caso da Varig, em 2005, e da Bombril e Parmalat, em 2006. Agora, companhias médias já estão procurando a recuperação judicial, que não é um processo muito simples. Só para deferir o processo a Justiça costuma levar até três meses.
6. Tasso Jereissati defende prévias no PSDB
Em entrevista ao Estadão, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou que, se não houver consenso entre os governadores José Serra e Aécio Neves sobre quem vai disputar as eleições de 2010, o partido deve fazer prévias. Ele deixou de lado a ideia de que seria a hora de Serra buscar a Presidência. "Política não tem fila. É acordo ou voto", disse o senador, citando o caso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que ganhou a eleição após vencer de virada as primárias democratas.
7. A guerra santa do bispo com o ministro
Geralmente em confronto com a Igreja por conta de suas ideias, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, entrou em mais uma polêmica, como mostra o Correio Braziliense (para cadastrados). Ele classificou de "radical" e "lamentável" a decisão do arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, de excomungar os envolvidos num aborto induzido feito por uma menina de 9 anos, grávida de gêmeos após ser violentada. "Fiquei chocado com os dois fatos: com o que aconteceu com a menina e com a posição desse religioso que, equivocadamente, ao dizer que defende uma vida, coloca em risco uma outra tão importante (quanto)", afirmou o ministro. Dom José, por sua vez, disse que o estupro é um crime gravíssimo, mas não mais grave que o aborto.
8. Justiça condena 28 por trabalho escravo no Pará
A Folha (para assinantes) informa que 28 pessoas foram condenadas pela Justiça Federal de Marabá, no Pará, por ter mantido trabalhadores rurais em condições análogas às da escravidão. Segundo a ONG Repórter Brasil, que acompanha casos de trabalho escravo em todo o país, esta é a primeira vez que é julgado um número tão grande de processos relativos a esse crime. As penas variaram de três a dez anos de prisão, e entre os condenados há desde "gatos" (agenciadores de mão-de-obra) até donos de fazenda. Cabe recurso para todos os casos e, como bem se sabe, é difícil que todos os condenados realmente passem algum dia na cadeia.
Mundo
9. Sudão pode entrar em grave crise humanitária
As organizações não-governamentais expulsas do Sudão após o Tribunal Penal Internacional (TPI) determinar a prisão do presidente Omar al-Bashir estão alertando as Nações Unidas para o risco de uma grave crise humanitária no país. Segundo a ONU, 4,7 milhões de sudaneses dependem de programas internacionais para se alimentar e sobreviver. Com isso, parte da comunidade internacional começa a questionar se o TPI fez certo ao ordenar a prisão de al-Bashir antes de se buscar um acordo de paz no país Em artigo no jornal britânico The Guardian, Julie Flint e Alex de Waal, autores do livro Darfur: A Nova História de uma Longa Guerra, dizem que a decisão do tribunal pode "arruinar anos de progresso diplomático". Pergunta-se aqui, porém: houve mesmo um grande "progresso diplomático" no Sudão?
10. Afastados por Rául Castro pedem desculpas por "erros"
Antes estrelas do governo cubano e vistos como próximos a Fidel, Felipe Pérez Roque e Carlos Lage afirmaram ontem que reconheciam seus "erros", sem dizer quais, após serem afastados sumariamente pelo presidente Raúl Castro. O diário espanhol El País diz que em Cuba há muitas formas de anunciar uma destituição. "Ainda que os afastados tenham servido fielmente à causa da revolução por 20 anos, o modo de fazê-los desaparecer da cena política pode ser cruel e até humilhante." Parece ser o caso de Pérez Roque e Lage, que de repente foram "apagados" da cúpula comunista. ( Por Kassu)

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