Falsa socialite aplicou "conto do vigário" em Cuiabá
Kelly dos Santos deu "cano" em lojas de grife, cabeleireiros e hotel
Publicado por Kassu - 05/04/2009 às 11h35
AGUA BOA NEWS
Kelly, quando estava presa na Penitenciária de Santana, na Zona Norte de SP, em 2007
A jovem Kelly Samara Carvalho dos Santos, 21, presa na sexta-feira (3) por policiais da 10ª DP (Botafogo), na Gávea, Zona Sul do Rio, quando saía de uma boate, ficou famosa por aplicar golpes nos Jardins, na Zona Oeste de São Paulo. Na região habitada pela classe alta, Kelly se passava por socialite.
A história de Kelly dos Santos a revela como uma jovem bonita e bem vestida, que se passava por milionária para roubar quem caísse na conversa dela. Um rosto e muitos disfarces: estudante de direito, empresária, fazendeira, até filha do presidente do Paraguai. Na vida real, uma golpista de apenas 21 anos, conforme foi definida em reportagens de alguns dos principais veículos de Comunicação do país.
Em 2007, em São Paulo, Kelly chegou a ficar presa na Penitenciária Feminina de Santana, na Zona Norte. Ela foi indiciada pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica e por três furtos. Em abril de 2007, foi absolvida pela Justiça por falta de provas, depois de passar oito meses na prisão. Na sexta-feira, após ser presa no Rio, foi transferida para a carceragem feminina de Mesquita, na Baixada Fluminense.
Golpes em Cuiabá
Kelly dos Santos é uma velha conhecida da high-society cuiabana. Em 2007, ela aplicou dezenas de golpes em vários estabelecimentos comerciais da capital mato-grossense. Reportagem do jornal Diário de Cuiabá, publicada em 25 de agosto daquele ano, por exemplo, informa que a Polícia Civil registrou nada menos do que cinco queixas por crime de estelionato paticado pela jovem. Os golpes ocorreram entre dezembro de 2006 e janeiro de 2007, e as queixas são de lojas de roupas e perfumes, além de um hotel localizado no centro de Cuiabá.
Conforme a reportagem, usando o nome de Kelly Samara, a garota, então com 19 anos, comprou mais de R$ 600 em uma loja no Centro. Numa loja de grife, ela também comprou roupas e sapatos. Num salão de cabeleireiros, fez serviço de estética.
"Em todos os casos, ela pagou com cheques roubados. As vítimas registraram queixa contra Kelly na delegacia, mas não conseguimos prendê-la em flagrante", informou o delegado Aquiles Toschi, então titular da Delegacia do Complexo do Verdão (Cisc Verdão), conforme a reportagem.
Na ocasião, segundo o delegado, uma equipe chegou a seguir Kelly para autuá-la em flagrante por crime de estelionato. Os policiais a seguiram em vários locais após as queixas. Nesse ínterim, os policiais se informaram sobre as lojas dos shoppings e da região central onde a golpista costumava agir. "Como ela deve ter percebido que estava sendo seguida, teve pressa em deixar a cidade. Tanto é verdade, que não tivemos mais queixa contra ela", explicou Toschi.
A última queixa contra Kelly na Polícia Civil foi registrada em 19 de janeiro de 2007 e foi justamente feita pelos donos da loja de perfumes. Como o pagamento ocorreu com cheque roubado, os policiais acreditam que Kelly tenha feito as compras alguns dias antes.
Dias depois das ocorrências registradas pela Polícia de Cuiabá, Kelly foi presa em São Paulo, com o nome de Kelly Tranchesi. Na ocasião, as pessoas que ela enganou em Cuiabá e a viram pela TV a reconheceram imediatamente. Em São Paulo, ela aplicava golpes e furtos em conhecidos bairros de São Paulo, como Brooklin, Vila Olímpia e Jardins (neste último, sua atuação foi mais frequente, segundo a polícia).
Na verdade, Kelly foi presa porque, para não pagar honorários advocatícios de R$ 4 mil, prestou queixa contra a própria advogada, alegando que ela havia se apropriado de suas roupas. Por isso, foi autuada em flagrante por estelionato, furto e falsidade ideológica - ela estava com cheques furtados.
Penélope Charmosa
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, na capital paulista, Kelly se passava por parente de Eliana Tranchesi, dona da Daslu. No Rio, segundo a polícia, ela usou o sobrenome Caramazoff na boate Melt, no Leblon, para se passar por pessoa "bem situada na sociedade", onde é acusada de não pagar duas contas, uma delas de R$ 171, segundo representante da casa noturna.
Segundo o jornal, ao ser presa por agentes da 10ª DP (Botafogo) do Rio, na secta-feira (3), ela afirmou que só vai responder as acusações em juízo. "Me acusaram de morte, me acusaram de várias coisas que não são verdade. Uma coisa vou responder diante do juiz porque errei, mas várias coisas não aconteceram", disse. De acordo com a polícia, ela furtou o talão de cheque de um homem na quarta-feira. Em seguida, tentou usá-lo para pagar R$ 57 a um taxista. O banco não descontou o cheque por não reconhecer a assinatura.
O taxista ligou para o dono do cheque, que afirmou ter sido vítima de um golpe e procurou a delegacia. A vítima do suposto crime também recebeu duas dúzias de flores, pagas com seu próprio dinheiro e enviadas por Kelly, segundo a polícia. "Ela disse que mandou para pedir desculpas", disse o delegado Rafael Menezes.
A Folha revela que os policiais foram à boate 00, onde a vítima relatou ter conhecido Kelly. Ela foi encontrada às 2h no local e presa por cinco dias, temporariamente. A polícia indiciou a falsa socialite sob acusação de furto, estelionato e formação de quadrilha. Ela costumava se apresentar como Kelly Tranchesi (sobrenome "inspirado" no de Eliana Tranchesi, dona da Daslu). Também usou os nomes Lambertini e Daniela Delgado Garcete.
A Folha lembra que o histórico de suspeitas sobre Kelly começou em 2001, quando tinha 13 anos. Tentou vender até cavalos inexistentes, segundo o Conselho Tutelar de Amambai (MS), onde nasceu. De acordo com parentes, ela foi abandonada pela mãe aos três meses e acabou criada pelos avós. Ao ser presa em São Paulo, disse que cometia crimes para chamar a atenção da mãe.
Segundo ainda o jornal, Kelly foi apelidada pelos policiais de "Penélope Charmosa", uma referência à personagem da série de desenhos animados Corrida Maluca e que, aparentemente, se mostra indefesa, mas é muita esperta. Seus principais alvos eram homens jovens e maduros, todos ricos. Ela se aproximava das pessoas, ganhava a confiança e, muitas vezes, mantinha relações sexuais com os homens ou aplicava o golpe "boa-noite-cinderela" (furtava as vítimas após colocar sonífero na bebida delas). ( Mídia News)

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