sexta-feira, 17 de abril de 2009

Fronteira com o Paraguai terá um cinturão de segurança

Por Diretoria Jurídica - SINPRFMT
Publicado por Kassu - 17/04/2009 às 09h12
AGUA BOA NEWS



Uma extensa faixa que vai de Foz do Iguaçu, no Oeste paranaense, até Guaíra, na porta de entrada do Noroeste do Estado, pode, com o tempo, se tornar um cinturão de segurança na fronteira com o Paraguai. Pelo menos é isso que as autoridades vislumbram para um curto espaço de tempo na região. Essa barreira contra o crime organizado é apenas uma ideia, mas pode se tornar possível com a expansão da fiscalização pela Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) dentro deste eixo.

Até o próximo semestre, a PRF deve estar com uma nova delegacia implantada em Guaíra. Com a nova base, o policiamento poderá ser estendido para mais municípios da região. Como a fiscalização e a vigilância na região de Foz do Iguaçu já é grande pela PF e pela PRF, faltaria apenas fechar o cerco no trecho entre os municípios. Atualmente, a principal alternativa para o crime organizado é o gigantesco lago de Itaipu e o Rio Paraná.

“Eu acredito que com a presença forte em Foz e Guaíra, vamos conseguir dar uma cobertura entre as duas cidades”, prevê o chefe de operações da PRF no Paraná, inspetor Gilson Cortiano. Em Guaíra, que já tinha reforçado a estrutura da PF nos últimos anos, se experimentou uma ação inédita no País. A PRF foi convocada a atuar na região, mas não na fiscalização de rodovias, mas trabalhar como uma força ostensiva de combate à criminalidade, onde se destaca o combate ao narcotráfico, contrabando, ao tráfico de armas e roubo de veículos. As ações são coordenadas em parceria com a PF.

E os resultados são considerados satisfatórios. Desde que chegou a Guaíra, em julho de 2008, a PRF desencadeia a Operação Guaíra, que já apreendeu toneladas de drogas, milhares de produtos contrabandeados, recuperou centenas de veículos roubados e promoveu a vistoria em duas dezenas de milhares de carros. “Se conseguirmos expandir essa vigilância, teremos uma barreira entre Foz do Iguaçu e Guaíra. Um verdadeiro cinturão de proteção nessa região”, continua Cortiano.


“Temos uma triangulação com Foz do Iguaçu, Cascavel e agora Guaíra. Uma delegacia em Naviraí (Mato Grosso)
também nos ajuda. Temos certeza que com isso vamos implementar o trabalho na fronteira”, completa o responsável pela comunicação social da Superintendência da PF no Paraná, Marcos Koren. “A região é vulnerável por sua extensão e característica, mas com a fiscalização tendemos a aumentar os resultados”, continua Koren, agente da PF que atuou anos em Foz do Iguaçu.
Migração — Guaíra entrou no foco das polícias quando Foz do Iguaçu foi saturada com as ações policiais. Mas como o crime organizado tem facilidade para migrar, a cidade do Noroeste viu a criminalidade aumentar assustadoramente no início deste século. “O que verificamos é que Guaíra é hoje o que Foz foi antigamente”, diz Cortiano.

“Com a chegada do turista veio o contrabandista”, afirma o delegado da PF em Guaíra, Érico Saconato. Ele mesmo chegou até o Noroeste do Estado a pouco tempo, e presenciou parte da mudança no local, especialmente a ocorrida nos últimos meses, quando as apreensões cresceram, tanto por parte da PF quanto da PRF.
Só a Delegacia Marítima da Polícia Federal (Depom) em Guaíra apreendeu neste ano 203.655 pacotes de cigarros que tentavam cruzar o Rio Paraná em barcos de contrabandistas. No ano passado inteiro foram 600 mil pacotes de cigarros apreendidos. Dados fornecidos pela Depom mostram que drogas como crack, haxixe, cocaína e pasta base também têm forte ação na região. Só neste ano já foram apreendidos 5.780,80 gramas de crack, 2.418 gramas de haxixe, 10,00 gramas de cocaína e 860 gramas de pasta base.

Já a PRF, no período de julho de 2008 a março de 2009, já retirou das mãos de contrabandistas e traficantes 1.177.490 maços de cigarros, 18 armas de fogo, 3,5 quilos de cocaína, 2.510 unidades de haxixe, 2,5 quilos de crack 1,6 tonelada de maconha. Também foram detidas 117 pessoas, recuperados 134 carros roubados que tentavam deixar o Estado e fiscalizados 21.760 veículos.

Polícias trabalham integradas na fronteira

O que ocorre na fronteira com o Paraguai é que um trabalho melhor coordenado levou um certo tempo. Um exemplo, é que Foz do Iguaçu sempre teve grande efetivo de agentes, mas outros municípios também na fronteira nem tanto. Um exemplo, há alguns anos, enquanto Foz tinha um efetivo de mais de 200 agentes, Guaíra não tinha nem 30. Isso prejuicava o serviço de vigilância, e o crime organizado encontrava fartas portas de entrada alternativas a Foz.

Isso mudou com o tempo. As ações são bem melhor coordenadas, e o cerco ficou maior com uma melhor aparelhagem ao longo da faixa que vai de Foz a Guaíra. Ainda não se pode falar que as polícias estejam em pé de igualdade com o crime, mas diferente de alguns anos, não está correndo atrás simplesmente.

O efetivo atual da PF e da PRF na fronteira não são divulgados por questões estratégicas, mas cresceu. Guaíra também ganhou, no ano passado, uma Delegacia de Polícia Marítima (Depom) da PF. O trabalho conjunto propicia que as instituições — PF, PRF, Polícias Militar e Civil — atuem em conjunto, e até dividam a estrutura. “Nós não temos helicóptero para atender a região de fronteira, mas a PRF tem”, comenta o responsável pela comunicação social da PF, Marcos Koren.

Cigarro — Em Guaíra as operações da Polícia Federal são diárias, conforme o delegado Erico Saconato. Todos os dias
são apreendidos contrabando, descaminho ou tráfico de drogas. O crime organizado usa de tudo, de pequenas embarcações a balsas. “O cigarro ainda é um dos itens mais traficados na região, 80% das apreensões são de cigarro e os outros 20% são de pneus, eletroeletrônicos e drogas,” relata o delegado. Por curiosidade, Guaíra, em tupi guarani significa esconderijo.

Pela Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, as apreensões de cigarros só perdem para os eletroeletrônicos. Em março, a Receita Federal registrou a apreensão de US$ 863 mil em contrabando. No acumulado do ano são US$ 2,2 milhões apreendidos.

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