Confira as dez principais notícias do dia 14 de julho
Por José Antonio Lima e Letícia Sorg
Edição Kassu
1. Sarney anula todos os atos secretos
Todos já sabem que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tornou nulos ontem todos os 663 atos secretos aprovados na Casa nos últimos 15 anos, mas poucos entendem qual o significado da medida. Segundo a Folha (para assinantes), alguns senadores avaliam que a anulação foi uma tentativa de tirar o foco do noticiário das denúncias contra o próprio Sarney, colocando o Senado inteiro na berlinda. A estratégia não deve ser totalmente eficaz, já que as acusações contra Sarney são gravíssimas. Mas os senadores terão que se posicionar sobre assuntos delicados. O aumento na verba indenizatória (de R$ 12 mil para R$ 15 mil), a contratação de seis funcionários por gabinete e benefícios a esses empregados foram aprovados por meio dos atos. A rigor, com a medida de Sarney os senadores teriam que rever cada um dos atos e, se fosse o caso, “cortar na própria carne”. Alguém acredita que isso vai ser feito?
2. Senado tem 717 copeiros e contínuos
Depois de descobrirem que o Senado tinha 181 diretores, os brasileiros agora sabem que há 204 copeiros e 513 contínuos servindo os 81 senadores - mais de oito para cada político. Esse novo número surpreendente foi descoberto por uma auditoria interna designada pela Mesa Diretora da Casa, que revelou que cada funcionário custa R$ 2,4 mil por mês ao Senado. O serviço, que já está fechado até o final do ano, é fornecido pela empresa Adservis Multiperfil Ltda, que fechou um contrato no valor de R$ 22,7 milhões. Dirceu Teixeira, coordenador do recém-criado núcleo de gestão de contratos, disse ao Globo que é provável que o contrato com a Adservis seja prorrogado por falta de tempo de fazer uma nova licitação, mas afirmou que o Senado está disposto a diminuir o número de copeiros e contínuos - ah, bom. A meta assumida pelo Senado, lembra o jornal, é reduzir os custos com terceirizados em pelo menos 30%, cortando 40% dos cerca de 3.500 terceirizados na Casa.
3. Procurador vai investigar Fundação Sarney
O Estadão informa hoje que o procurador da República Tiago Sousa Carneiro vai investigar as relações da Fundação Sarney com a Petrobras. Segundo denúncia do mesmo Estadão na semana passada, a fundação teria desviado R$ 500 mil de uma verba de R$ 1,3 milhão liberada pela estatal por meio da Lei Rouanet. Carneiro vai analisar as notas fiscais que detalham como os recursos foram gastos e pode pedir a abertura de um inquérito na Polícia Federal - o próprio jornal já mostrou que diversas empresas fantasmas emitiram notas. Hoje, Sarney deve ter um dia difícil, já que muitos senadores avaliam que ele mentiu no plenário ao negar que tenha “responsabilidade administrativa” na Fundação Sarney. Ainda de acordo com o Estadão, o estatuto deixa claro que Sarney mantém o controle da entidade.
4. Governo confirma que nova estatal vai gerir recursos do pré-sal
Segundo reportagem do jornal O Globo (para cadastrados), ficou decidida, em reunião com o presidente Lula, a criação de uma nova estatal para gerir os contratos do pré-sal e de um fundo social cujos recursos serão destinados às áreas de saúde e educação. O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, anunciou também a adoção do sistema de partilha - em que o governo fica com uma parte do petróleo extraído - para as áreas estratégicas nas bacias de Campos, Santos e do Espírito Santo. Segundo uma fonte do jornal, as áreas incluem as “franjas do pré-sal”, incluindo a reserva de Tupi, a maior descoberta recente. As novas regras devem ser apresentadas em 15 dias para o presidente Lula e devem valer para a 8ª Rodada da ANP - que foi paralisada para que a alteração das regras.
5. Lula ordena usa político do pré-sal na CPI da Petrobras
A reunião ministerial que definiu a forma de exploração e a administração econômica dos recursos do pré-sal também trabalhou o uso político dos poços. A CPI da Petrobras deve ser instalada hoje no Senado e, segundo a Folha (para assinantes), o presidente Lula ordenou que a base aliada tente fixar a imagem de que a oposição está prejudicando o país ao investigar a estatal. Por outro lado, Lula quer que os senadores aliados digam que o governo está mais interessado em discutir o futuro do Brasil. Como sempre, não há meio termo na política brasileira. É claro que o futuro energético do país é fundamental, mas denúncias de corrupção precisam ser investigadas.
Saúde
6. Garoto de 9 anos é terceira vítima fatal da gripe suína
O menino da cidade gaúcha de Sapucaia do Sul (RS) morreu em Porto Alegre no dia 5 de julho, mas os exames que comprovaram a infecção pelo vírus Influenza A (H1N1) só saíram ontem. De acordo com o secretário de Saúde de Sapucaia, José Wink, o garoto foi atendido por um médico particular que não suspeitou da doença, que se agravou em razões de sua deficiência neurológica. Ele teria contraído a nova gripe do irmão, que teve contato com uma professora que pegou a gripe em uma viagem à Argentina. O Ministério da Saúde ainda não esclareceu como a segunda vítima fatal da doença, uma menina de 11 anos que morreu no dia 30 de junho em Osasco, contraiu a doença, o que leva a crer que o vírus possa estar se espalhando de pessoa para pessoa dentro do país. Ontem, a diretora do serviço de vacinação da Organização Mundial de Saúde declarou que a pandemia de gripe suína não pode mais ser evitada e que os países devem vacinar primeiro os profissionais de saúde, para manter o atendimento funcionando.
Energia
7. Gasoduto de US$ 11 bilhões pode afetar poder da Rússia
Áustria, Bulgária, Romênia e Hungria assinaram ontem com a Turquia um acordo para construir o gasoduto Nabucco, uma obra que tem significados políticos importantes para a Europa. Como lembra o espanhol El País, a ideia central é reduzir a dependência da Rússia, que fornece 25% do gás consumido na Europa e pressiona os vizinhos por conta disso, chegando a cortar o fornecimento. A obra, que segundo a Bloomberg custará US$ 11 bilhões e deverá ficar pronta em 2014, poderá fornecer até 10% do gás usado na Europa, mas as fontes do suprimento ainda são incertas. Até mesmo Irã e Iraque estão entre os potenciais fornecedores, o que pode fazer a Europa reduzir a complicada influência russa, mas ficar ainda mais dependente do instável Oriente Médio.
Mundo
8. Obama ordena investigação sobre massacre de talibãs
O presidente americano, Barack Obama, admitiu, em entrevista à rede de TV CNN, que ainda não foram suficientemente investigadas as mortes de 1000 prisioneiros talebãs que se renderam às forças aliadas em 2001. Os prisioneiros sob custódia do general Abdul Rashid Dostum, afegão que comandava o Exército na época, teriam morrido nas caçambas dos caminhões que os transportavam para a prisão. A administração de George W. Bush desencorajou a investigação dos episódios. O republicano também deixou outro esqueleto no armário para Obama: uma operação secreta - e ilegal - da CIA. O jornal The New York Times, que havia revelado a ação, combinada pelo então vice-presidente, Dick Cheney, sem o conhecimento do Congresso americano, diz hoje que o plano previa o envio de grupos paramilitares para matar líderes da Al Qaeda espalhados pelo mundo. Leon Panetta, atual diretor da CIA, disse que extinguiu a operação assim que tomou conhecimento de sua existência.
9. Zelaya dá ultimato a Micheletti
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, deu uma semana para que o governo interino de Roberto Micheletti, que tomou o seu lugar, aceite sua volta. Segundo o Miami Herald, Zelaya ameaçou voltar ao país apenas com o apoio do povo e sugeriu que os militares atirem nele “em vez de atirar em crianças inocentes”. Uma nova rodada de negociações na Costa Rica está marcada para sábado, mas o impasse persiste, especialmente porque internamente Micheletti desfruta de muitos apoios, como disse Julieta Castellanos, reitora da Universidade Autônoma de Honduras, a principal do país, em entrevista à Folha (para assinantes). Segundo ela, o principal trunfo de Zelaya é o fator econômico. Isolado internacionalmente, o governo interino só deve se sustentar por no máximo três meses e será obrigado a buscar uma solução dentro da legalidade antes disso.
10. Ex-presidente da Libéria será julgado hoje
À Corte das Nações Unidas, Charles Taylor, ex-presidente da Libéria, disse que as acusações de crimes de guerra são mentirosas e desinformadas, e negou ter comandado e fornecido armas a rebeldes durante a guerra civil de Serra Leoa entre 1991 e 2002, conflito que matou e mutilou 500 mil. Taylor, que é acusado de matar, torturar e estuprar, teria liderado a milícia para retirar de Serra Leoa suas riquezas minerais, os chamados “diamantes de sangue”, noticia o The Washington Post. Se for condenado, Taylor, pode servir de exemplo a outros regimes autocráticos da África: pode mostrar que os líderes são responsáveis pelas violações aos direitos humanos que acontecerem durante o seu governo.
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