EXEMPLO (PE) - Moradores "erguem" campo de futebol
Habitacionais // Residencial entregue há pouco mais de duas semanas sofreu modificação com retirada de placas de concreto da frente do conjunto
Por: Ana Cláudia Dolores // anadolores.pe@dabr.com.br - Publicado por Kassu
Um dia após o Diario revelar os problemas sociais que persistem nos novos conjuntos habitacionais doados pela Prefeitura do Recife, com recursos próprios e do governo federal, os moradores do Zeferino Agra, em Água Fria, Zona Norte da capital, deram uma prova de que apenas novas moradias não garantem mudanças de hábitos. Inconformados com a falta de uma área de lazer para os jovens no local, eles arrancaram as placas de concreto presas ao solo na frente do conjunto e transformaram o espaço num campo de futebol improvisado. Agora, a entrada do residencial que foi entregue há pouco mais de duas semanas já está depredada, com uma "quadra" de areia e metralhas amontoadas.
Entre os moradores, que antes ocupavam o pátio da feira do bairro em habitações precárias, há um desentendimento sobre o certo e o errado nessa nova condição de vida. Alguns acreditam poder fazer tudo o que quiser no lugar, uma vez que os apartamentos já foram entregues. Outros defendem que é preciso ter normas de convivência discutidas por eles e pela prefeitura. O conflito de interesses e a falta de um acompanhamento social eficaz, capaz de provocar mudanças no modo de pensar e agir dessas pessoas, acabam fadando a comunidade a conviver com os mesmos problemas sociais de antes.
"Os jovens queriam um espaço para jogar bola. A gente pediu isso à prefeitura, mas nunca diziam quando iam fazer. Aí a comunidade resolveu do jeito dela e agora tá bom para os meninos. É normal. Quem não tá gostando depois acostuma", afirma o flanelinha José Albino de Souza Neto, 26 anos, justificando a retirada dos blocos de concreto para a construção do campo. A doméstica Ana Cristina Maranhão, 38, já vê com mais preocupação o fato de um patrimônio ter sido danificado, mas acredita que a atitude, no fim das contas, foi boa para a comunidade. "Os meninos, na verdade, fizeram isso na euforia de ter um lazer, não foi com a intenção de depredar. É melhor que eles estejam jogando aqui dentro do que ficar se drogando por aí", defende.
Modificação - Em nota, a Secretaria de Habitação do Recife informou que nunca foi prometida a construção de um campo de futebol no conjunto. A assessoria técnica da pasta já tomou conhecimento do ocorrido e advertiu os envolvidos na retirada das placas. Os imóveis são, na verdade, cedidos para os moradores, que não podem vendê-los, alugá-los ou modificá-los. A PCR também proíbe a prática comercial nos apartamentos, o que já estava sendo feito em algumas unidades. Das 102 famílias do conjunto, 76 são beneficiárias do Bolsa Família e muitas encontravam no comércio informal uma fonte de renda antes de serem transferidas.
Por: Ana Cláudia Dolores // anadolores.pe@dabr.com.br - Publicado por Kassu
Um dia após o Diario revelar os problemas sociais que persistem nos novos conjuntos habitacionais doados pela Prefeitura do Recife, com recursos próprios e do governo federal, os moradores do Zeferino Agra, em Água Fria, Zona Norte da capital, deram uma prova de que apenas novas moradias não garantem mudanças de hábitos. Inconformados com a falta de uma área de lazer para os jovens no local, eles arrancaram as placas de concreto presas ao solo na frente do conjunto e transformaram o espaço num campo de futebol improvisado. Agora, a entrada do residencial que foi entregue há pouco mais de duas semanas já está depredada, com uma "quadra" de areia e metralhas amontoadas.
Entre os moradores, que antes ocupavam o pátio da feira do bairro em habitações precárias, há um desentendimento sobre o certo e o errado nessa nova condição de vida. Alguns acreditam poder fazer tudo o que quiser no lugar, uma vez que os apartamentos já foram entregues. Outros defendem que é preciso ter normas de convivência discutidas por eles e pela prefeitura. O conflito de interesses e a falta de um acompanhamento social eficaz, capaz de provocar mudanças no modo de pensar e agir dessas pessoas, acabam fadando a comunidade a conviver com os mesmos problemas sociais de antes.
"Os jovens queriam um espaço para jogar bola. A gente pediu isso à prefeitura, mas nunca diziam quando iam fazer. Aí a comunidade resolveu do jeito dela e agora tá bom para os meninos. É normal. Quem não tá gostando depois acostuma", afirma o flanelinha José Albino de Souza Neto, 26 anos, justificando a retirada dos blocos de concreto para a construção do campo. A doméstica Ana Cristina Maranhão, 38, já vê com mais preocupação o fato de um patrimônio ter sido danificado, mas acredita que a atitude, no fim das contas, foi boa para a comunidade. "Os meninos, na verdade, fizeram isso na euforia de ter um lazer, não foi com a intenção de depredar. É melhor que eles estejam jogando aqui dentro do que ficar se drogando por aí", defende.
Modificação - Em nota, a Secretaria de Habitação do Recife informou que nunca foi prometida a construção de um campo de futebol no conjunto. A assessoria técnica da pasta já tomou conhecimento do ocorrido e advertiu os envolvidos na retirada das placas. Os imóveis são, na verdade, cedidos para os moradores, que não podem vendê-los, alugá-los ou modificá-los. A PCR também proíbe a prática comercial nos apartamentos, o que já estava sendo feito em algumas unidades. Das 102 famílias do conjunto, 76 são beneficiárias do Bolsa Família e muitas encontravam no comércio informal uma fonte de renda antes de serem transferidas.
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