segunda-feira, 7 de junho de 2010

VIVA PEDRO!

Paulo Cavalcanti / Publicado por Kassu


Aos leitores do blog, segue abaixo, uma carta homenagem, do Companheiro Benedito Prezia à Pedro Yamaguchi Ferreira, missionário leigo, militante da Pastoral Indigenista. Pedro, era filho do Deputado Federal, Paulo Teixeira (PT-SP) - e de Alice Yamaguchi, advogada militante na área de Direitos Humanos.


2ªfeira(14/06), às 18 h., será a missa de 7º dia na catedral da Sé.
Os que puderem estar presentes seria importante para estar unindo às nossas preces e prestar uma solidariedade à sua família.

VIVA PEDRO!
Por: Benedito Prezia
Pastoral Indigenista de São Paulo

Toda morte é dilacerante, sobretudo quando ocorre com pessoas jovens e de forma repentina. Este foi o caso de Pedro Yamaguchi Ferreira, falecido no último dia 3, afogado, nas águas do rio Negro. Há três meses estava trabalhando junto a Dom Edson Damian, bispo de São Gabriel da Cachoeira (AM).

Com 27 anos e três de advogado, Pedro trabalhava em São Paulo na Pastoral Carcerária. Mas, depois que conheceu a prelazia de São Felix do Araguaia e seu bispo emérito, Pedro Casaldáliga, de quem herdou o nome, buscava algo na região amazônica.

E assim foi para São Gabriel, em fevereiro deste ano, enviado pelo Regional Sul 1, da CNBB, como missionário leigo.

Como todo jovem idealista viveu a vida com muita intensidade.
Quis estar sempre próximo aos pobres, como o fez em São Paulo, morando no bairro do Bexiga, e até mesmo quando foi ao Japão, como um dekasegui.

Três dias antes de sua partida, mandou-me esta carta, que entre outros pontos, dizia:

"O trabalho aqui vai aumentando. Tenho feito pastoral carcerária, visitado familiares de presos e pessoas que precisam de coisas básicas, como comida. Vejo que a vinda pra cidade dos índios do interior é muito ruim pra eles em tudo: estrutura, cultura, violência. Eles chegam aqui sem muita estrutura e se perdem e, quando tem filhos pequenos, esses sofrem mais pra se adaptarem, quando não caem pra bebedeira, drogas e violência. Acabei de voltar de uma visita numa família que teve dois primos assassinados por outro primo! Pediram minha ajuda... Fora disso, tenho jogado bola, estou feliz de morar num ar puro, ouvir e tomar banho no rio. Estou fazendo amizades, me inserindo na realidade. (...) Quero viajar mais em breve, conhecer as comunidades do interior. Comecei a aprender nheegatu, a língua geral, mas quero mesmo aprender o tukano, pois é a língua da maioria aqui e mais útil."

Muitas foram as mensagens de solidariedade recebidas por mim, que era muito próximo à família. Transcrevo uma delas, da juíza Dora Martins, de São Paulo, e membro da Associação Juízes pela Democracia:

"Eu conheci Pedro no grupo de Solidariedade São Domingos e, depois, o encontrei na AJD. Olhos vivos e cheios de afeto. Jeito de jovem tranquilo e engajado, daqueles que sabem por que estão aqui e agora. Tanto que, em 27 anos, fez muito. Muito mais do que muitos que atrapalham o mundo por aqui. Pedro foi embora, mas fica seu gesto, sua solidariedade, sua coragem, típica de jovens e dos que estão no compasso da dignidade e da compreensão das dores do mundo. Morreu nas águas do imenso Rio Negro, junto das comunidades pobres ribeirinhas, fazendo o que sempre o motivou: a solidariedade com o seu povo brasileiro. Simples, como viver. Simples, como morrer."

Ainda que com tristeza, vale dizer: Viva Pedro!

Seja o primeiro a comentar

Copyright©| Desde 2008 | AGUA BOA NEWS COMUNICAÇÃO LTDA | Template customized by Michel Franck

Início