quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Onça-pintada se torna símbolo da biodiversidade

Acervo

Maior felino das Américas e rainha das florestas brasileiras, a onça-pintada se tornou símbolo de campanhas pela preservação da biodiversidade. Ela consta como "vulnerável" na lista de animais ameaçados de extinção do Ministério do Meio Ambiente. Mas na Caatinga e na Mata Atlântica está à beira da extinção. No Pantanal, a onça é vítima de caçadores e da expansão das pastagens. Só na Amazônia a população é razoável, mas pouco estudada. Aliás, a onça-pintada, um animal naturalmente esquivo e misterioso, ainda tem muitos de seus hábitos desconhecidos. Sem medidas emergenciais, a espécie poderia desaparecer de todo o país - à exceção da Amazônia - nos próximos 100 anos.

O estado crítico da onça-pintada mobilizou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que lançará, ainda este ano, um livro com mais de 200 ações de socorro à espécie, entre medidas de curto e longo prazo. As propostas foram esboçadas desde o fim do ano passado, quando o animal foi tema de um workshop em Atibaia, em São Paulo. A cidade sedia o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), órgão do ICMBio responsável pelo estudo de grandes felinos brasileiros.

Salvar a onça-pintada custará R$ 12 milhões, entre o investimento em pesquisas, criação de novas unidades de conservação e educação ambiental. Outra medida cobrada pelo Cenap é o reconhecimento, em até três anos, do animal como símbolo da conservação da biodiversidade brasileira.

Até agora, porém, a espécie está em risco. Estima-se que restem menos de 13 mil onças-pintadas no país - a conta não inclui o Pantanal. Os pesquisadores são cautelosos ao analisar esta contagem, considerando as dificuldades em estudar um animal que percorre áreas tão grandes e embrenha-se na mata virgem da Amazônia. De certo se sabe mesmo que a onça, de predadora temida, tornou-se caça, perseguida por fazendeiros.

"As pesquisas mais recentes mostram que, no Pantanal e na Amazônia, a situação da espécie não é favorável como se imaginava", alerta Rogério Cunha de Paula, chefe-substituto do Cenap. "Sem esses biomas, portanto, a onça-pintada ocuparia um estágio ainda pior do que vulnerável. Se não agirmos, vamos seguir o caminho de Uruguai e Argentina, onde este animal já desapareceu".

Um dos maiores problemas da onça-pintada é a falta de um lugar para chamar de seu. Mais da metade (54%) das áreas de habitat desses felinos não existe mais. O desmatamento pode fazer com que a espécie desapareça, em até cinco anos, de algumas regiões. Segundo os pesquisadores, uma maneira de garantir a sobrevivência das pequenas populações do animal, cada vez mais isoladas pela expansão de centros urbanos e outras atividades econômicas, seria interligar as unidades de conservação. O Cenap dedica-se há três anos à construção do Corredor da Onça, uma estrutura que cumpriria este papel na Caatinga.

O Cenap, junto à ONG americana Panthera e ao Instituto Pró-Carnívoros, desenvolveu um software para calcular a longevidade das diversas populações de onças-pintadas do Brasil. Para estimar as chances de sobrevivência da onça, considerou fatores como o número de filhotes, a quantidade de animais caçados e o índice de atropelamentos.

O estudo qualificou como urgentes as áreas que, se não receberem operações substanciais, podem perder suas onças em cinco anos. Uma delas vai da Costa Verde fluminense ao norte de Santa Catarina. Outra alternativa, segundo Rogério, seria a construção de passagens subterrâneas sob rodovias, solução já adotada nos EUA. "É uma forma de interferirmos na vegetação natural e em estruturas já existentes sem trazer risco aos animais - ressalta. - Precisamos lembrar que as medidas discutidas têm a vantagem de não proteger unicamente as onças-pintadas, e sim todo o meio em que ela está inserida.

Com informações O Globo

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