sexta-feira, 1 de abril de 2011

Araguaia: 17 castanheiros teriam sido fuzilados

O Grupo de Trabalho Tocantins (GTT), criado pelo Ministério da Justiça para tentar encontrar os restos mortais dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, fez uma nova descoberta: 17 castanheiros teriam sido mortos pelos militares do Exército que puseram fim à guerrilha. Caso isso se confirme, o Exército poderá responder não apenas pela morte dos guerrilheiros, mas também pela morte de civis sem qualquer ligação com o movimento armado.

A chacina teria acontecido no ano de 1974, no município de São João do Araguaia, a 60 km de Marabá. Quem fez a denúncia foi o ouvidor do GTT, Paulo Fonteles Filho, membro do PCdoB, com base no relato de ex-militares que atuaram na guerrilha, mas que hoje estão colaborando com as investigações.

Segundo Paulo Fonteles, esta é uma informação que precisa ser esclarecida a qualquer custo, porque, no entendimento dele, esta não foi a única chacina de camponeses praticada pelo Exército nesta região na época da guerrilha.

“Esta é uma informação absolutamente nova. Esses pais de família nunca mais voltaram para suas casas e até hoje permanecem anônimos. Nós também estamos interessados em saber o que aconteceu com lavradores e castanheiros”, explica Fonteles.

Para o ativista político, quanto mais as investigações se aprofundarem e com auxílio da Comissão da Verdade, que está sendo criada pelo governo, muitas outras atrocidades cometidas pelo regime militar serão descobertas. “Se as informações que nós tínhamos já eram muito graves, essas informações sobre a região de Marabá vão ser muito mais reveladoras”, completa.

Essa denúncia já foi apresentada ao Ministério da Defesa. Mas ele reconhece que será muito difícil identificar esses 17 castanheiros mortos, de pronto, uma vez que seriam necessários exames de DNA.

Por isso, Fonteles entende que os parentes de camponeses que desapareceram durante a Guerrilha do Araguaia devem procurar as autoridades para contar suas histórias e ajudar a formar um banco de DNA na região. “Essa é uma luta dura, que vai durar muitos anos e, por isso mesmo, deve começar desde hoje.”

OPERAÇÃO LIMPEZA

Paulo Fonteles denunciou também que as pessoas que estão colaborando com o GTT estão sendo ameaçadas de morte, assim como integrantes do próprio Grupo de Trabalho. Entre os seis que estão sendo ameaçados, está o próprio Paulo Fonteles. Segundo ele, um membro do GTT sofreu um misterioso acidente rodoviário em Marabá nos últimos dias.

Segundo Fonteles, quem está por trás das ameaças tem medo que seja descoberta a chamada “operação limpeza”, que foi a remoção de corpos dos guerrilheiros, anos depois da guerrilha, feita para dificultar a localização desses cadáveres.(Diário do Pará)

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