quinta-feira, 18 de agosto de 2011

1977: Uma entrevista com Glauber Rocha. Ele, nu

glauberocha ae 1977: Uma entrevista com Glauber Rocha. Ele, nu
Por Nirlando Beirão

Falei do Glauber Rocha – cuja morte vai fazer 20 anos na próxima segunda (22) – e me lembro da primeira, aliás, da segunda vez que o vi na vida.
Ele tinha acabado de voltar ao Brasil, em 1977, no bojo da anistia, e veio cumprir o papel habitual de Glauber Rocha. Quer dizer: provocar.
Chegou elogiando os militares e esculhambando a esquerda clássica. Seguiu a pauta típica de uma mentalidade messiânica: acreditava em seres e situações providenciais.
Eu editava Cultura na recém-criada Istoé semanal e marquei uma entrevista com ele.
Glauber estava morando num daqueles simpáticos prédios de três andares, entre Copacabana e Ipanema – o prédio dava, assim como outros, para um espaço arborizado e acolhedor.
Fomos, o fotógrafo Antonio Augusto Fontes e eu, num sábado, por volta das 11h.
O Glauber nos recebeu com uma toalha enrolada na cintura, como quem estivesse acabando de sair do banho (não estava).
Começou a mastigar amendoins e a falar pelos cotovelos – tinha uma estilo peripatético, passeava pela sala e invariavelmente terminava as frases mais grandiloqüentes debruçado à janela.
Lembro de uma delas, sobre o Rio: “Isto aqui é um barco podre encalhado num balneário decadente”.
Tão entusiasmado Glauber se tornava, com suas próprias frases, que, num determinado momento, ploft, a toalha caiu e ele não se deu por acanhado.
Continua falando, falando, bimbalhando praqui e prali, defendendo complicados argumentos a respeito do futuro das artes, do cinema, do Brasil e – por que não? – da humanidade.

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