Evo Morales ruma à reeleição na Bolívia neste domingo
Por Eduardo Garcia e Kevin Gray
Edição: Meider Leister
LA PAZ (Reuters) - O presidente boliviano, Evo Morales, cuja política econômica de esquerda o tornou altamente popular com os pobres mas revoltou líderes empresariais, deve conquistar a reeleição neste domingo, o que lhe permitirá expandir o controle do Estado sobre a economia.
A vitória de Morales cimentará seu domínio na política boliviana e enfraquecerá ainda mais a dividida oposição conservadora ligada à elite empresarial do país.
Pesquisas de opinião mostram Morales, aliado do presidente venezuelano Hugo Chávez, com mais de 50 por cento dos votos, e seu partido MAS (Movimento Ao Socialismo) pode assumir o controle do Congresso.
Morales, o primeiro presidente indígena da Bolívia, nacionalizou setores importantes da economia em seu primeiro mandato, como os setores de hidrocarbonetos, energia e mineração, o que gerou uma avalanche de renda para os cofres públicos que Morales usou para reforçar programas sociais.
Os pagamentos em dinheiro que beneficiaram grupos como estudantes primários e aposentados aumentaram sua popularidade entre a maioria indígena desvalida, que comemorou quatro anos atrás a derrota dos partidos tradicionais há longo tempo no poder.
"Há dois caminhos: continuar com a mudança ou voltar ao passado", disse Morales a dezenas de milhares de apoiadores em seu último comício.
Ex-criador de lhamas e ex-líder cocaleiro que cresceu na pobreza extrema, Morales enfrenta dois rivais conservadores: Manfred Reyes Villa, ex-governador e capitão da Marinha, e o magnata do cimento Samuel Doria Medina.
Morales se apresentou como o único candidato capaz de trazer prosperidade aos pobres, e muitos bolivianos vivendo em áreas rurais se identificam com suas origens humildes.
Ele teve sucesso em impulsionar uma constituinte no início deste ano que lhe permitiu buscar uma reeleição até então proibida, na esteira de outros líderes sul-americanos que fizeram o mesmo.
Morales promete mergulhar a mão do governo mais fundo na economia rica em gás e minérios para redistribuir a riqueza no país mais pobre da América do Sul.
A economia boliviana deve crescer cerca de 2,8 por cento este ano, a maior taxa da América Latina, de acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Os opositores de Morales mantêm a crítica de que sua política de maior controle estatal sobre a economia afugenta o muito necessário investimento estrangeiro.
Suas repetidas promessas de aumentar a produção de gás natural, o principal produto de exportação do país, não se materializaram por causa da falta de investimento nesse setor.
Morales, um admirador assumido do líder cubano Fidel Castro, é um crítico feroz dos EUA, que ele chama de "império" em discursos incendiários contra o capitalismo.
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