Blog da redação: G1 na rota da cana em Goiás
G1 na rota da cana
11 de Junho de 2008 às 18:21
Jataí é líder em milho,
mas cana ganha em
geração de empregos
Jataí (GO) tem quatro usinas: Jataí, do grupo Cabrera, Cansanção do Sinimbu, Cosan e Elcana. Todas já estão plantando. Nenhuma está moendo. As unidades produtivas ainda estão em construção. Os dados são da prefeitura.
A economia da cidade é baseada no agronegócio. O município de Jataí é o nono produtor nacional de soja e o primeiro produtor de milho e sorgo (na foto, uma plantação) do Brasil.
A Perdigão, forte empregadora em Rio Verde, também está em Jataí. Mas são as usinas as maiores empregadoras, segundo os secretarias municipais de Agricultura e Pecuária e de Indústria e Comércio.
Com a entrada da cana, a expectativa de geração de empregos diretos e indiretos desde a instalação até o funcionamento das usinas é de 20 mil empregos, segundo a prefeitura. A população da cidade é de 81.972 habitantes, de acordo com o IBGE.
G1 na rota da cana
11 de Junho de 2008 às 16:04
Cana traz negócios e preocupação a morador
de Jataí
Pelas conversas com moradores de Jataí (GO), o “boom” econômico da cana ainda não aconteceu, mas já há os primeiros indícios. Para Glaucinéia Ferreira Nogueira (foto), gerente de unidade de uma rede de material de construção, 2008 deve ser o melhor ano de vendas.
Segundo ela, é difícil fazer uma comparação com o ano anterior porque “2007 foi excepcionalmente fraco. Os produtores tiverem problemas com a safra”. Mas, se comparado com 2006, o movimento deste ano é surpreendente, segundo ela.
“Todo mundo está comprando mais. Moradores da cidade, gente de fora, empresas e até usinas são nossos clientes”, diz.
Apesar dos bons negócios, como moradora da cidade, Glaucinéia diz se preocupar com a entrada da cana. “A gente vê o que aconteceu em algumas outras cidades e temos medo que o dinheiro da cana não fique aqui, que os trabalhadores, de outros estados, do Nordeste, mandem as economias para a família lá na outra região. Tenho medo de Jataí ficar baseada na monocultura também”, diz.
Visão semelhante tem a dona de posto de gasolina Patricia Peres. Segundo ela, o movimento, a partir do segundo semestre do ano passado, é 15% maior do que sempre foi. “Vejo muita gente de fora também. Antes, eu conhecia todos da cidade. Agora é comum ver vários rostos desconhecidos.”
Sobre a chegada de quatro usinas na cidade ela diz: “Nós queremos desenvolvimento, mas não queremos destruição. Vamos ver o que a cana tem para trazer.”
G1 na rota da cana
11 de Junho de 2008 às 13:57
Girassóis, cana, soja, sorgo e milho
acompanham viajante de Rio Verde a Jataí Campos de girassóis (foto à esq.) dominam a vista na saída do perímetro urbano de Rio Verde, em direção a Jataí, em Goiás. Mais à frente, o cenário se reveza entre plantações de cana, soja, sorgo e milho.
Depois de sol intenso nos dois dias anteriores de viagem, a reportagem se deparou com neblina na estrada. Mas, nos cerca de 85 km entre as duas cidades, as
condições do asfalto são surpreendentemente melhores que entre Goiânia e Rio Verde.
Na chegada a Jataí, um caminho de flores selvagens ao longo da via de entrada leva ao parque JK (foto à dir.), com vegetação, lago e pista para esportes.
Jataí tem quatro usinas em fase de estruturação. A cidade está começando a receber o início da explosão da cana.
G1 na rota da cana
11 de Junho de 2008 às 07:53
Próxima parada: Jataí, Goiás
Nesta quarta-feira (11), a reportagem do G1 avança no sudoeste goiano. Visitará a cidade de Jataí, a 327 km de Goiânia.
Com uma área territorial de 7.714 quilômetros quadrados, de acordo com o IBGE, a cidade faz fronteira com os municípios de Caiapônia, Mineiros, Itarumã, Aparecida do Rio Doce, Caçu, Cachoeira Alta, Rio Verde, Mineiros e Serranópolis.
Jataí foi recentemente descoberta pela expansão canavieira e ganhará, em breve, uma usina do grupo Cosan, que está em contrução. A usina faz parte de um projeto de expansão da empresa, que nos próximos dois anos investirá R$ 1,35 bilhão na obra e na de outras duas usinas, em Montividiu e Paraúna, todas no sudoeste de Goiás.
O objetivo da reportagem é verificar que tipo de modificações, avanços, melhorias ou problemas a cana trouxe para a cidade.
O município de Jataí situa-se na Serra do Caiapó e tem uma população de 81.972, de acordo com o IBGE, baseado em dados de 2007.
G1 na rota da cana
10 de Junho de 2008 às 21:26
Vida de interior, preço de metrópole

O mercado imobiliário de Rio Verde (GO) surpreende pelo preço: é cidade do interior, com cotação de cidade grande, conforme informou o corretor Alexson Pantaleão (foto), gerente de vendas da Imobiliária Rei, uma das maiores da cidade.

Segundo Pantaleão, o segmento que mais cresce é o de alto padrão: casas de três quartos, com pelo menos 90 metros quadrados de área e preço acima de R$ 100 mil.
Nos apartamentos, o valor chega a ser mais alto. O preço do metro quadrado em um bairro valorizado, de classe média alta, alcança até R$ 2 mil, segundo o gerente. Mas há exemplos de preços mais altos, como um apartamento em bairro nobre, citado por Pantaleão, de 96 metros quadrados, por R$ 400 mil.
Segundo ele, este nem é o melhor momento para o setor. “Entre 2006 e 2007, muito dinheiro entrou na cidade por conta da cana, e foi aí que o setor explodiu”, ele conta.
Pantaleão explica que, naquele momento, o mercado imobiliário virou forma de investimento. “As pessoas compravam um imóvel por R$ 7 mil e, depois de cinco meses, vendiam por R$ 22 mil. Era uma loucura”, diz.
Com a restrição da área de plantio para a cana-de-açúcar, não houve desaquecimento do setor, mas há uma faixa social ainda descoberta.
“Não há imóveis na cidade com valor entre R$ 30 mil a R$ 50 mil. Quem tem renda de R$ 700 mensais acaba sem conseguir encontrar nada para comprar.”
Aí, o jeito é pagar aluguel. E, mais uma vez, o preço é de metrópole. Para se ter uma idéia, uma quitinete localizada na cidade universitária custa R$ 500 por mês.
G1 na rota da cana
10 de Junho de 2008 às 21:09
Recruta-se mão-de-obra qualificada

Depois de tanto ouvir de gente de outros estados que em Rio Verde ”só não trabalha quem não quer”, a reportagem do G1 resolveu falar com os especialistas. A fonte é o coordenador da unidade rio-verdense do Sistema Nacional de Emprego (Sine), Cairo Santos Macedo.
Segundo ele, é fato: há muito emprego em Rio Verde. “Mas não é um oásis como muita gente pensa”, afirma Macedo. Ele explica que as vagas abertas são voltadas principalmente para a mão-de-obra qualificada. Por isso, apesar de o número de vagas ser bastante alto, muitas vezes elas não chegam a ser preenchidas.
“Há alguns anos, a cidade foi incluída na lista das que mais empregam no Brasil. Isso gerou um fluxo absurdo de pessoas de todas as regiões, até aquelas paupérrimas que venderam tudo o que tinham. E o pior: a cidade não teve como empregar as pessoas porque faltava qualificação”, ele conta.
Hoje, segundo Macedo, a situação é diferente. As consultas feitas por habitantes de outras cidades interessados em viver e trabalhar em Rio Verde acontecem com antecedência. “Nós sugerimos que as pessoas venham antes, conheçam a região, para não se decepcionarem quando já tiverem vendido tudo na cidade natal”, diz.
G1 na rota da cana
10 de Junho de 2008 às 18:21
Hotéis mantêm taxa de ocupação elevada em Rio Verde
O desenvolvimento de Rio Verde atrai habitantes de cidades próximas e também de outras regiões do país. Prova disso é a taxa de ocupação dos hotéis vizinhos à rodoviária, que, segundo os próprios administradores, está sempre no limite.
Invariavelmente, os hóspedes são pessoas em busca de trabalho na cidade em empresas como a Perdigão, pessoas ligadas ao agronegócio ou representantes comerciais. Nunca turistas.
No hotel Rio Verde, raramente há quartos desocupados. Ao todo, são 46 unidades, em dois prédios, com dez quartos e 36 apartamentos. As diárias vão de R$ 12, para o quarto de solteiro mais simples, até R$ 70, para o apartamento em que cabem até cinco pessoas.
Segundo a recepcionista Vania Bispo dos Santos, “tem gente que chega e passa a morar no hotel até conseguir um trabalho e juntar algum dinheiro para pagar moradia”.
A própria Vania é uma “emigrada”, de Rondônia, que veio à cidade em busca de trabalho. “Vim há um ano e não penso em sair daqui. Recebi uma boa proposta”, diz, sobre o emprego no hotel.
Vizinho ao Rio Verde, o hotel Ypê, com 25 apartamentos e 12 quartos, tem rotina semelhante. Segundo o gerente Francisco Furtado de Oliveira, o movimento é até mais intenso durante a semana, quando chegam os trabalhadores e representantes comerciais à cidade. O tempo médio de hospedagem varia entre três dias a um mês.
“O problema é que quem chega aqui e começa a beber a água desta cidade se apaixona”, brinca Oliveira. Ele diz que este foi o seu “problema”. “Sou de Goiânia e estou aqui há cinco meses. Bebi a água, me apaixonei e agora não saio mais de Rio Verde.”
G1 na rota da cana
10 de Junho de 2008 às 13:38
Estrada tem visual de cinema e buracos na pista
O caminho entre Goiânia e Rio Verde tem cor, como no nome da cidade, é coberto por vegetação e, se o viajante tiver a mesma sorte da reportagem do G1, com céu de azul intenso.

O estado do asfalto, no entanto, não lembra nenhuma locação de cinema. Em vários trechos, há buracos - alguns bem grandes. Para desviar, motoristas acabam invadindo a faixa contrária.
Formado principalmente por caminhões de carga, o tráfego foi intenso durante as três horas em que a reportagem do G1 percorreu o trecho.
G1 na rota da cana
10 de Junho de 2008 às 12:28
‘Não sou contra a cana, sou contra o crescimento desordenado’, diz prefeito

Responsável pela lei que limita o cultivo da cana-de-açúcar a 10% da área agricultável de Rio Verde, o prefeito Paulo Roberto Cunha acredita que o município é uma “exceção” no Brasil por unir elementos favoráveis ao crescimento como solo e clima “excepcionais” para a agricultura e abertura à industrialização. “A medida de restrição da área para cana foi tomada justamente para não perdermos isso. A cana diminui as cidades”, diz Cunha.

Rio Verde, com a lei, restringiu apenas a área voltada à cana-de-açúcar. A soja, sua principal cultura, está liberada. Questionado sobre uma possível restrição a essa produção, Cunha diz que o caso é diferente pois não se trata de uma “monocultura”, mas sim da “base de uma cadeia”.
“Sem a soja, por exemplo, a Perdigão não teria se instalado na cidade. E é a indústria que mais emprega em Rio Verde hoje, coisa de 6 mil funcionários. Agora, se considerarmos o produto que mais emprega, sem dúvida é a soja. Tudo isso é conseqüência dela”, diz.
Pelo modelo que adotou, Rio Verde tornou-se uma espécie de ilha no meio de um “mar de cana”. “Todas as nossas cidades vizinhas têm cana, nós não. Mas eu não sou contra a cana. Sou contra o tipo de crescimento desordenado que ela pode trazer”, diz o prefeito.
G1 na rota da cana
10 de Junho de 2008 às 08:09
Sem contatos na cidade, paranaense não ficou 15 dias sem emprego

O crescimento da cidade de Rio Verde foi potencializado pela instalação de uma fábrica da Perdigão. De acordo com alguns habitantes da cidade ouvidos pelo G1, a indústria atraiu inclusive trabalhadores de cidades vizinhas ou de regiões mais distantes, como o Sul do país.

Segundo Vieira, cerca de 40% dos alunos da unidade da Microlins que gerencia são encaminhados para empresas da cidade e 20% são contratados. “Além da cana, a soja e o milho empregam muito.” Há dois anos, ele conta, a escola recebia em média 250 alunos por mês. “Hoje são 700.”
Com o crescimento, segundo Vieira, vieram também os problemas. “O crescimento foi assustador, não foi programado, e hoje temos dificuldades até com o transporte público”, diz.
G1 na rota da cana
Crise da soja foi porta de entrada para a cana
em Rio Verde


Agora, dois anos depois, a produção canavieira está limitada, por lei municipal, a 10% da área agricultável do município. A determinação fez com que vários dos produtores voltassem a cultivar apenas soja, passada a crise do começo da década e com a atual alta nos preços das commodities.
Com a legislação, a “cota da cana” está basicamente preenchida. Há em Rio Verde uma usina de açúcar e álcool já instalada, a Decal (Usina Rio Verde), que existe há mais de 20 anos e que vive agora seu principal momento de pujança, com projeto de ampliação que quadruplicará sua abrangência. Há ainda projeto para instalação de outras duas usinas na cidade.
G1 na rota da cana
Outro termômetro do aquecimento da economia local são os escritórios de financiamento.
A atendente Edilaine Prado conta que nos últimos dois meses os pedidos voltados para máquinas agrícolas pesadas cresceram em torno de 30%. “Todos querem aproveitar porque podem arrendar máquinas para as usinas”, diz.
Segundo ela, até mulheres e idosos, que normalmente não se interessariam pelo negócio de máquinas pesadas, procuram oportunidades. “Todo mundo quer crescer junto com a cidade. Rio Verde dobrou de tamanho no último ano.”
G1 na rota da cana
09 de Junho de 2008 às 14:08
Jornada do G1 no sul goiano.
Começou nesta segunda (9) a jornada da reportagem do G1 pelo estado de Goiás. Durante seis dias, quatro cidades serão visitadas: Rio Verde, Jataí, Quirinópolis e Itumbiara, todas no sul goiano.
O objetivo é mostrar como essa região do país, que inicialmente não tinha tradição canavieira, começou a ser modificada pelo plantio de cana-de-açúcar voltado para a produção de etanol.
Na última quinta-feira, dia 5, foi aberta, oficialmente, a safra sucroalcooleira do Estado, no município de Montividiu, no sudoeste goiano. A abertura aconteceu com a inauguração da Destilaria Serra do Caiapó.
A jornada teve como ponto de partida o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em direção ao aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia. Após uma breve parada na capital goiana (na foto), a reportagem segue para Rio Verde, a cerca de 238 km de distância.
Rio Verde é uma das cidades que mais se desenvolveu graças à cana. Com cerca de 149 mil habitantes, o município tem hoje, por lei, limite para a área de cultivo da cana em 10% de sua área agricultável.
Dentro do estado, Rio Verde é um dos municípios economicamente mais relevantes, o terceiro de maior participação no PIB goiano, segundo dados da prefeitura local. Tem no agronegócio a principal atividade, sendo a soja a principal estrela até agora - a cidade é o maior produtor goiano da commodity.
Municípios vizinhos de Rio Verde, como Quirinópolis e Jataí, novos no cultivo da cana, também se desenvolvem e inauguram usinas. É isso o que G1 pretende conferir.
Textos e fotos: Isabelle Moreira Lima
Postagem Kassu/AGUABOANEWS
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