Líder indígena Raoni recebe título de doutor honoris causa Universidade Federal de MT
RODRIGO VARGAS
da Agência Folha
A UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) decidiu homenagear o líder caiapó Raoni Txucarramãe, 76, com o título de Doutor Honoris Causa.
Raoni tornou-se mundialmente famoso no início da década de 1990, quando, juntamente com o cantor britânico Sting, percorreu o mundo a divulgar a causa da preservação da Amazônia e em defesa da demarcação da terra indígena Menkragnoti --no sul do Pará, na divisa com Mato Grosso.
Antes disso, em 1976, ele protagonizou o documentário "Raoni: a Luta pela Amazônia", do francês Jean Pierre Dutilleux. Em 1980, virou notícia ao assumir participação no ataque e assassinato, a golpes de borduna (porrete de madeira), de um grupo de 11 peões que havia entrado na terra indígena.
Em nota, a UFMT disse que o título será entregue ao cacique em razão de suas "lutas [...] pelo meio ambiente, ecologia e pela convivência na diversidade e o direito à vida".
"Em suas andanças pelo mundo, [Raoni] sempre foi a figura destemida quando falava, firme e sem receios, sobre a difícil tarefa da preservação, manutenção e ampliação dos direitos dos povos indígenas."
Em 38 anos de fundação, esta é a quinta vez que a UFMT concede a honraria _outros homenageados foram o poeta Manoel de Barros e o bispo aposentado de São Félix do Araguaia, Pedro Casaldáliga.
Raoni, disse a universidade, foi um "porta-voz dos povos da floresta". "São mais de 30 anos, emprestando sua imagem à divulgação por todo o mundo dos complexos problemas que envolvem a sobrevivência dos indígenas remanescentes da floresta amazônica".
"Uma coisa boa"
A reportagem procurou o cacique no Instituto Raoni, ONG que ele fundou em 2001 e que tem sede em Colíder (650 km de Cuiabá), mas foi informada que ele estaria em viagem.
Seu sobrinho, o também cacique e administrador regional da Funai, Megaron Txucarramãe, disse que havia dado ao tio a notícia da homenagem e que ele a havia avaliado como "uma coisa boa", embora ainda não soubesse exatamente o que é.
"Você sabe o que é isso? Como é que funciona isso?", perguntou o cacique à reportagem. Após ouvir a leitura de trechos da nota encaminhada pela universidade, Megaron disse que a concessão do título "vai ser boa para todos os índios", por se tratar de um "reconhecimento que vem dos estudiosos".
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