‘Golpe do Finan’ se dissemina em MT
Em Mato Grosso, são incontáveis os carros comprados por golpistas,
que usam “laranjas” e informações falsas para enganar financeiras
ADILSON ROSA
Da Reportagem/Diário de Cuiabá
A maior parte dos golpes tem sido aplicados na compra de caminhonetes, como Hilux: esquema é complexo
O esquema criminoso da compra do carro financiado, conhecido como “Golpe do Finan”, está se disseminando em Mato Grosso, onde centenas de veículos, principalmente picapes, rodam de forma irregular.
Há “compradores” que aproveitam para levar os veículos até a Bolívia para trocar por drogas ou vender a traficantes daquele país. O golpe consiste em comprar um carro financiado, transferi-lo para o nome de um “laranja” e levá-lo a outro Estado. Até a financeira conseguir um mandado de busca e apreensão para resgatar o carro, podem se passar anos – isso quando consegue encontrá-lo.
Na Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (DERRFVA) da Capital, ao menos 20 veículos, sendo a maior parte picapes, foram apreendidos, pois faziam parte do esquema. Os policiais admitiram que o número de veículos em todo o Estado, esquentados pelo esquema, é superior.
“O (golpe do) Finan contaminou o país todo. O pior é que algumas pessoas não têm noção de que isso é crime”, alertou a delegada Cleibe de Paula. Segundo ela, o crime de receptação não se resume a comprar um produto de furto ou roubo.
As investigações realizadas pelos policiais da DERRFVA descobriram que o esquema é mais amplo. Os criminosos utilizam um carro financiado em outro Estado e transferido para nome de terceiros para fazer a “remontagem”. Nesta etapa, pega-se um veículo roubado ou furtado – da mesma marca, cor e ano - e faz a remarcação do chassis. “A partir do veículo pronto, os criminosos se desfazem dele”, detalhou a delegada. “Atualmente, estão utilizando esquema que somente os peritos conseguem perceber a adulteração”, completou.
Com isso, o carro roubado usa documentos de um carro financiado e na hora da fiscalização, é descoberto somente se os policiais fizerem uma verificação do chassis. Esse esquema, originalmente, utilizava carros leiloados ou acidentados.
Na etapa “tradicional” do golpe, o veículo é transferido para o nome de um “laranja” que fornece endereço falso e também possui uma condição financeira incompatível para a compra de uma picape Hilux ou L 200, por exemplo. Ao conseguir o mandado de busca e apreensão, a financeira nunca encontra o comprador, pois o endereço fornecido é inexistente.
O golpe é tão engenhoso que, mesmo com a localização do veículo, ele não pode ser entregue à financeira porque o chassi está remontado. “(A financeira) apreende, mas não leva. Leva sim, prejuízo”, observou um policial plantonista.
Os policiais explicaram que esse esquema é conhecido da maior parte dos motoristas. “Sabemos que em determinado bairro, tem alguém que comprou o carro pelo esquema Finan. Mas cabe à financeira – que é a dona do veículo - dar queixa para que esse veículo seja apreendido. Caso contrário, ainda não caracteriza crime”, esclareceu.

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