"Terra Vermelha" retrata problema indígena no Centro-Oeste
Reuters
Co-produção entre o Brasil e a Itália que concorreu ao Leão de Ouro no Festival de Veneza em 2008, Terra Vermelha, de Marco Bechis, é um drama ficcional que tem muito de documental, ao retratar os dilemas dos índios guarani-kaiowás do Mato Grosso do Sul em sua luta por território.
O lançamento de Terra Vermelha serviu de estímulo para que também o mais conhecido filme anterior do diretor, Garage Olimpo (1999), inédito comercialmente no Brasil até agora, fosse também colocado no cinema, só que apenas em São Paulo.
O roteiro de Terra Vermelha, escrito em parceria pelo chileno Bechis e o brasileiro Luiz Bolognesi (Chega de Saudade), apoiou-se em pesquisas realizadas no Mato Grosso do Sul, que elegeram os guarani-kaiowás não só como seu tema, como também seus atores. Boa parte do elenco provém das comunidades dessa nação indígena nos arredores de Dourados (MS), onde se situaram a maior parte das locações.
A história começa com a crise provocada pelo suicídio de duas jovens índias, devido ao desespero de uma aldeia confinada a um território extremamente limitado, sem opções econômicas ou profissionais para os seus habitantes.
Atrás de uma saída, o cacique Nádio (Ambrósio Vilhalva) resolve guiar seu povo para a retomada de seu território tradicional, ao lado do rio, que há décadas foi ocupado por grandes latifundiários da região.
A ocupação dos índios, embora pacífica, causa reação num fazendeiro (Leonardo Medeiros, de Feliz Natal). A princípio, ele conversa com os índios, mas não está disposto a tolerar sua presença. Enquanto não se decide a uma medida mais violenta, coloca para vigiá-los um capataz (o ator italiano Claudio Santamaría).
O personagem que melhor simboliza o conflito interno dos indígenas é o jovem xamã Osvaldo (Abrísio da Silva Pedro). De um lado, ele se sente tentado pelo suicídio. De outro, é chamado a assumir seu papel de liderança dentro do grupo que, por se tratar de uma função sagrada, exige que ele evite o sexo.
Uma opção difícil, não só por sua idade, mas pela aproximação das duas filhas adolescentes do fazendeiro, anunciando outra ameaça de choque com o mundo branco.
No elenco, destaca-se também outro brasileiro, Matheus Nachtergaele, como o agenciador Dimas. Além deste filme, o ator atuou recentemente numa outra produção internacional, o filme venezuelano La Virgen Negra, de Ignácio Costillo Cottin, exibido na 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

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