Schwantes inspirou cidades no Nortão de MT há 30 anos
Publicado por Kassu
Aeronave usada por Norberto Schwantes, hoje Patrimônio Histórico do Estado de Mato Grosso em exposição no centro de CanaranaNem o apoio de um general-presidente possibilitou ao pastor luterano, líder cooperativista e depois deputado constituinte Norberto Schwantes (PMDB-MT) tornar realidade, sozinho, o sonho da colonização gaúcha no leste-mato-grossense. Ele derramou sangue, suor e lágrimas para alcançar esse objetivo. Gaúchos chegaram ao Amazonas, ao Amapá e a Rondônia, a partir dos anos 1970. A saga foi lembrada em dezembro de 2008 por um notável conterrâneo deles, o senador Pedro Simon (PMDB-RS). "Os gaúchos protagonizaram uma grande diáspora (“econômica”) pelo País", disse Simon.
Certamente, o senador deixou para uma próxima oportunidade a análise do capítulo da primeira grande migração gaúcha para Mato Grosso, que originou três prósperas cidades no Cerrado. Preferiu falar da Amazônia: "O Acre tem forte vínculo com o Rio Grande do Sul por ter sido incorporado ao Brasil por um jovem idealista, o gaúcho José Plácido de Castro”, lembrou.
Castro organizou e preparou a Revolução Acreana contra as forças da Bolívia. Os bolivianos queriam ocupar o território onde hoje se situa o Acre. Há pelo menos 30 mil sulistas no Acre. Os gaúchos são concentram especialmente em Rio Branco, Acrelândia, Plácido de Castro e Senador Guiomard.
No Araguaia Simon chorou ao vê-los deitados em redes, alguns morrendo de malária. Nascia Terranova, mais tarde Terra Nova do Norte. Há quatro anos, num dos corredores do Senado, indaguei-lhe se recordava do fato. Fitou-me os olhos e indagou: “Você se lembra que estive lá?”.
O grande Estado ainda não dividido – o que só ocorreria em outubro de 1977 – e parecia estar mesmo reservado ao domínio dos latifundiários, seus bois e jagunços. Viu então germinar a semente do cooperativismo. Evidentemente, houve o revés ambiental.
A voracidade dos primeiros moradores acabou com a vegetação nativa. Mais conscientes agora, muitos fazendeiros lamentam a maneira como a ocupação ocorreu. “Não tivemos a menor preocupação com o cerrado, queríamos fazer lavouras. Hoje estamos vendo rios assoreados e as terras virando areia”, contou um dos fundadores de Água Boa, Elcides Salamoni.
Entre 1972 e 1978, o primeiro grande surto migratório, resultou no aparecimento de cidades nas regiões Leste e Nortão. Aí apareceu Schwantes nesse cenário desafiador. Gaúcho de Carazinho, filho de um pequeno agricultor imigrante alemão, ele fundou Canarana, Água Boa e Terra Nova.
Os 430 mil hectares de Terranova mudariam a concepção de colonização no Leste de Mato Grosso, com reflexos na Amazônia. Tinha tudo para dar certo, mas teve contra ele a união de forças antagônicas.
Em 1988, o jornalista Luiz Salgado Ribeiro atribuía essas forças “aos mais reacionários especuladores de terra, até a esquerda mais radical do Rio Grande do Sul”. “Pretendiam manter no próprio Estado os agricultores expulsos das reservas indígenas, para forçar uma reforma agrária. Entre uns e outros, também, os militares se engajaram veladamente no combate ao projeto, que havia tirado deles a tão sonhada área para treinamento contra a guerrilha na selva”.
Renda maior que a do Rio e de São Paulo
“(...) Água Boa é município desde dezembro de 1985. Tem 21 mil habitantes e uma área de 12.416 km 2. Suas principais lavouras – soja, arroz e milho – somam 97 mil há e o rebanho bovino é estimado em 180 mil cabeças.
"Todo esse patrimônio está nas mãos de aproximadamente 600 proprietários rurais. Graças à sua boa distribuição fundiária e ao trabalho de sua população – segundo pesquisa do IBGE, citada por O Estado de S. Paulo, Água Boa é o município com a melhor renda per capita do País: US$ 1.900 anuais, US$ 200 a mais que as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, ou quase o dobro de Belo Horizonte”.
“(...) Emancipado em maio de 1986 com o nome de Terra Nova do Norte, o terceiro município a ter origem nos planos de Norberto, tem hoje uma população de 60 mil habitantes e uma área de 1.280 km 2. Suas lavouras de milho e arroz, principalmente, somam 30 mil ha. Boa parte da economia gira em torno do garimpo, que tem uma produção média de dez quilos de ouro por dia.
"Outra importante fonte de renda são as 40 madeireiras instaladas no município. A cidade tem uma agência bancária, quatro hospitais, cinco hotéis, 12 supermercados, uma cooperativa e três colégios estaduais.
“A Canarana teve em 1988 um faturamento bruto de Cz$ 15,8 bilhões, mantendo sua posição de maior contribuinte do Imposto de Circulação de Mercadorias, em Mato Grosso, com a quantia de Cz$ 785 milhões. Espalhados pela região Leste do Estado, a cooperativa tem armazéns e silos que totalizam uma capacidade de armazenamento de grãos de 267 mil toneladas. Tem ainda uma usina de calcário, supermercados, lojas de peças e implementos agrícolas, campos de produção de semente e fábrica de rações. A coooperativa está desenvolvendo também novos projetos de colonização”. (M.C.)
Fonte: 24 Horas News
Por Kassu/AGUABOANEWS
Biografia
NORBERTO SCHWANTES - PMDB
Norberto Schwantes
Nascimento: 18/3/1935
Profissões: Jornalista, Empresário e Pastor Luterano
Filiação: Delfino Schwantes e Eugenia Schwantes
Legislaturas: 1987-1991
Nascimento: 18/3/1935
Profissões: Jornalista, Empresário e Pastor Luterano
Filiação: Delfino Schwantes e Eugenia Schwantes
Legislaturas: 1987-1991
Mandatos Eletivos:
Deputado Federal (Constituinte), 1988, MT, PMDB. Dt. Posse: 02/08/1988.
Suplências e Efetivações:
Assumiu, como Suplente, o mandato de Deputado Federal para a legislatura 1987-1991, em 1º de agosto de 1988. Faleceu, no exercício do mandato, em 17 de setembro de 1988.
Licenças:
Licenciou-se do mandato de Deputado Federal na legislatura 1987-1991, para tratamento de saúde, de 11 a 14 de agosto de 1988.
Filiações Partidárias:
PDT, 1982-; PMDB, 1982-.
Atividades Profissionais e Cargos Públicos:
Pastor da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana, Tenente Portela, Rs, 1960-1970; Fundador e Administrador da Escola Primária Tobias Barreto, 1961-1969, e da Escola Normal Indígena Bilíngue Clara Camarão, 1963-1967, Tenente Portela, Rs; Presidente da Campanha Nacional de Educandários da Comunidade, Tenente Portela, Rs, 1961-1965; Fundador e Diretor do Internato Comunitário Tenente Portela, Rs, 1963-1968; Fundador e Diretor-Presidente da Rádio Municipal, Tenente Portela, Rs, 1970-1972; Diretor do Jornal da Terra, Tenente Portela, Rs, 1971-1972; Gerente-geral da Cooperativa de Colonização 31 de março Ltda.- Coopercol, 1971-1977; Diretor-Presidente da Cooperativa Agropecuária Mista Canarana Ltda. - Coopercana, 1975-1980; Diretor-administrativo da Colonização e Consultoria Agrária - Conagro S.c. Ltda., 1975-1980; Assessor de Diretoria da Construtora Andrade Gutierrez S.A. Para Assuntos de Colonização, 1983-1985. Subsecretário de Estado - Ermat, Brasília, DF, 1987-1988.
Estudos e Graus Universitários:
Teologia, Fac. de Teologia e Filosofia - IECLB, São Leopoldo, 1956-1960.
Atividades Sindicais, Representativas de Classe e Associativas:
Admitido na Academia de Letras, Cultura e Artes do Centro-oeste, Cadeira nº 55, 1988.
Condecorações:
Título de Cidadão Barra-Garcense, Câmara Municipal de Vereadores de Barra do Garças, MT, 1977; Títulos de Cidadão Nova-xavantinense e Portelense, Câmaras Municipais de Vereadores, Nova Xavantina, MT, e Tenente Portela, Rs, 1984; Título de Cidadão Água-boense, Câmara Municipal de Vereadores de Água Boa, MT, 1985; Título de Cidadão Canaranense, Câmara Municipal de Vereadores de Canarana, MT, 1987; Comenda Themis Matogrossense, Grau Comendador, União dos Jornais Independentes, UNIJORI, 1987; Título de Cidadão Terra-novense, Câmara Municipal de Vereadores, Terra-Nova do Norte, MT, 1988.
Missões Oficiais:
Viagens à República Federal da Alemanha, República Democrática da Alemanha, Suíça, Itália, França, 1966, 1969, 1976, 1984 e 1987. Viagens à Holanda, à Bélgica, a Luxemburgo, à Espanha, a Portugal, à Dinamarca, Noruega, Áustria e Grécia, 1969 e 1984. Viagens à Hungria e Áustria, 1987.
Outras Informações:
Responsável pela Fundação das Cidades de Canarana e Água Boa e pela Implantação de Oito Projetos de Colonização, 1970-1976. Endereços e Telefones de contato retirados do SIGESP-DEP.

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