terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Índios xavantes Marãiwatsede bloqueiam a BR-158 próximo a aldeia no distrito de Nova Suiá (Posto da Mata)

10/02/2009 às 08h22m
Por Kassu
AGUA BOA NEWS


Cacique Damião (foto ao lado)

Índios da etnia xavante estão bloqueando a BR-158, na altura do distrito Nova Suiá, município de Alto Boa Vista, distante 1058 quilômetros de Cuiabá. O bloqueio é total e os xavantes não liberam nenhum tipo de veículo.

O local do bloqueio fica a 30 quilômetros da sede do município. A rodovia dá acesso aos municípios de Alto Boa Vista, São Felix do Araguaia, Porto Alegre do Norte, Confresa, Vila Rica e ao estado do Pará. Dezenas de caminhões carregados de soja e gado, ônibus e veículos de passeio estão retidos no bloqueio. Alguns estão voltando para a cidade de Alto Boa Vista. Não há previsão para liberação da estrada.


O bloqueio começou às 16h desta segunda-feira. O protesto dos índios se deu em razão de um incêndio que destruiu um ônibus usado para o transporte na aldeia. O veículo estava estacionado em um posto da região e amanheceu totalmente queimado. A polícia ainda não sabe a origem do incêndio. Peritos da cidade de Barra do Garças estão se deslocando para à região para investigar as causas do incêndio. Ninguém ficou ferido.

A aldeia tem aproximadamente 600 índios, mas os policiais civis e militares que estão no local não sabem ainda quantos índios estão participando do bloqueio.

Uma opção de quem está viajando pela região, no sentido Cuiabá - Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia é fazer um desvio por uma estrada estadual 100 km após Ribeirão Cascalheira (Alô Brasil), passando pela cidade de Bom Jesus do Araguaia. O desvio aumento o percurso em 60 quilômetros e a estrada é ruim. Apenas veículos pequenos passam pelo local. Caminhões e carretas não passam pela estrada.

Vila Rica faz divisa com o estado do Pará. As primeiras cidades paraenses logo após a divisa com Mato Grosso são a Vila Mandi e Santana do Araguaia.

Sabe por que o protesto?

Por Mércio Gomes

Os Xavante da Terra Indígena Maraiwatsede, localizada a 150 km a oeste de São Felix do Araguaia, estão em pé de guerra. Fecharam a BR-158 que passa por dentro dessa terra, impedindo o fluxo do trânsito que liga o Mato Grosso ao Pará, pelo lado entre os rios Xingu e Araguaia.

Sabe por que? Porque vândalos que teimam em continuar morando naquela terra indígena queimaram o ônibus que era deles, por doação da Funai em 2006, e que servia para buscar suas crianças e levá-las a escolas localizadas na sede do município de Bom Jesus. O ônibus estava estacionado num posto de gasolina que fica dentro da terra indígena, deixado pelos índios para conserto.

Queimaram o ônibus porque têm um ódio mortal dos Xavante por eles terem voltado à sua terra de origem, a qual está demarcada e homologada, mas de onde eles haviam sido expulsos desde 1968-69.

A história dos Xavante dessa terra indígena é heróica. Eles foram os últimos a serem contatados, por volta de 1957. Viviam nessa área de terra fértil, onde o cerrado começa a dar vez à mata. Terra cobiçada, que foi "comprada" por uma empresa paulista, a Ometto, em 1961, onde foi estabelecido uma fazenda que ficou com o nome hoje lendário de "Fazenda Suiá-Missu", porque por aqui nasce o rio que desemboca no rio Xingu. Tinham sua grande aldeia perto de onde hoje estão os restos da fazenda.

Em 1965, a Fazenda Suiá-Missu estava a todo vapor. Eles queriam tirar os Xavante de lá. Foi fácil. Convenceram os militares que comandavam o SPI e os padres salesianos da Missão Salesiana localizada perto de Barra do Garças a retirar os Xavante. E assim o fizeram. Aos poucos foram convencendo os índios a se juntarem a outros Xavante, inclusive com a ajuda de Xavantes da Missão, que mal sabiam o que estavam fazendo.

Em 1969 aviões bandeirantes foram enviados para a sede da fazenda, e de lá os Xavante de Maraiwatsede (que significa "mato alto ou mato grosso") foram levados a um passeio que para muitos constituiu o fim de suas vidas. Com efeito, ao serem jogados na Missão Salesiana, eles contraíram sarampo e gripes, e em poucas semanas mais de 30 homens, mulheres e crianças haviam morrido.

Nos anos seguintes, os Xavante de Maraiwatsede foram espalhados pelas diversas terras indígenas que estavam sendo demarcadas. Os jovens foram crescendo e casando, os velhos morrendo.

Por volta da década de 1980 alguns começaram a esboçar seus desejos de voltar à terra natal. Enquanto isso, a Fazenda Suia-Missu foi vendida para a empresa petrolífera italiana AGIP.

Em 1992, durante a Conferência de Meio Ambiente realizada no Rio de Janeiro, chamada Rio 92, a AGIP, pressionada por antropólogos brasileiros e italianos, e vendo que essa fazenda não lhe dava lucros devidos, resolveu doar de volta aos Xavante a terra que lhes pertencia. Ao menos aquela que constituía os limites da Fazenda. 165.000 hectares numa forma muito irregular.

Os Xavante exultaram de alegria. Porém, mais que depressa, o gerente da dita fazenda, junto com os políticos das cidades vizinhas, como Boa Vista, São Félix, Bom Jesus, Ribeirão Cascalheira, se mancomunaram e abriram as porteiras da fazenda para aventureiros de todos os tipos. Foi uma corrida para ver quem tomava mais terras e assentava uma casa, derrubava a mata para uma roça e para um pasto, enfim, tomavam de conta do patrimônio indígena. Até um funcionário da Funai de São Félix do Araguaia pegou o seu quinhão irregular (em 2004, quando começamos a fazer a retomada dos Xavante, ele logo abriu mão de sua pretensão).

A Funai não marcou bobeira. Fez de tudo e conseguiu demarcar a terra indígena. O presidente Fernando Henrique a homologou, mesmo sabendo que estava toda tomada por invasores.

Os Xavante não fizeram por menos. Tentaram e tentaram voltar. Todo ano uma comitiva deles ia para a região para procurar um local para assentar suas famílias. Entretanto, sem forças para segurar uma pressão, desistiam e voltavam para onde estavam, em outras terras xavante. Em 2003, quando entrei na Funai, recebi uma delegação dos Xavante liderados por Damião e prometi-lhes que os apoiaria se eles quisessem fazer pressão para voltar. E assim foi.

Depois de ano e meio em que quase 300 Xavante fizeram acampamento na beira da estrada esperando uma oportunidade para entrar em suas terras, conseguiram. Dia glorioso, em julho de 2005.

Os Xavante de Maraiwatsede sabem o que querem. Hoje sua aldeia é a maior de todas. Vivem lá quase 900 índios, quase todos descendentes dos originais daquela terra indígena.

Recentemente visitei essa grande aldeia e fui recebido com festas pelos Xavante. Seus planos são de retomar todas suas terras incluídas na Fazenda Suiá-Missu. Seu território original vai além dessas terras. Mas os Xavante sabem esperar. Lutam com sabedoria e estratégia. Não se precipitam quando sabem que não vão conseguir seu objetivo. Mas, quando a hora é chegada, sabem o que fazer e não tem medo no coração.

A aldeia está bem servida de água potável e eletricidade. Há um telefone público. Os índios têm caminhão, tinham esse ônibus e fazem as roças mais bem feitas da região. Tem professores xavante ensinando as crianças pequenas a ler e escrever nas duas línguas, e mandam as mais velhas para o ensino médio na cidade de Bom Jesus.

Agora, vândalos queimaram seu ônibus. Não vai ficar por isso mesmo. É preciso que a Funai em Brasília lhes dê toda cobertura e apoio para punir os culpados e para obter novo ônibus.

5 Comentários:

Anônimo disse...

Eu acho que esse onibus foi queimado,Pelos Proprios indios Para emcriminar os brancos,que esse tal de Reporter considera como vandalos.nao vão conguir tomar essas terras,essas pessoas trabalhadoras,e isso q eu acho.

Anônimo disse...

Foram os pinguços desses índios que colocaram fogo nesse ônibus.

Anônimo disse...

Não é verdade o que vc´s falam, a verdade é que nós branco não aceitamos o fato dessa terra pertencer aos indigenas afinal antes de nós quem estava aqui primeiro eram eles...e eles só fazem a mesma coisa que nós lutam pra defender seu territorio,porque nós brancos fazemos a mesma coisa lutamos pelo que é nosso,imagina se fosse a gente que tivesse que perder nossa morada e não tivesse lugar pra morar o que a gente faria..lutaria é claro pra devender nossa moradia,ele ssó estão fazendo isso.O homem conseguiu acabar com tudo,se pelo menos os indigenas estivesse com sua terras,talvez não haveria tanta desmatação e não haveria tanta poluição porque o home não sabe cuidar do que é deles...os indios plantam pra comer,caçam,e se a gente desse o que era deles por direito não haveria tanta guerra,não haveria bloqueio de estradas...a querra já iria ter acabado e todos nós iriamos viver em paz...ainda exixti muita discriminação com os indios,mais com certeza um dia vai voltar tudo como era antes os indios vão ter suas terras de volta e todos vão poder viver em harmonia..afinal eles sabem esperar..e não são igual a politicos que roubam dinheiro publico que roubam dos proprios eleitores com isso o branco não se importa e não reivindicam, mais é só falar em indio que lá esta o branco metendo o pau neles...tenho certeza que vc´s nunca escultaram a historia de um indio o sofrimento deles...eles só querem um pedaço de terra pra poder criar sua familias e viver em paz como nós brancos também queremos..então em vez de meter o pau nós indios sem ao menos saber de toda historia ou sem realmente saber da verade..reivindicam o direito de vc´s com os prefeitos de suas cidades com os politicos que nós colocamos nas prefeituras pra covernar nossas cidades..beijos e que todos fiquem com DEUS.

Anônimo disse...

Na verdade quem critica mal não sabe de fato o que ocorre dentro de uma comunidade indígena, o que acham de determinados políticos da região em questão insuflar moradores e comerciantes a venderem gêneros de primeira necessidade ao índio? será que apreenderam utilizar óleo diesel, sal, açúcar,cafe, gasolina, mediacamentos diverõs com quem? será que é constitucional este tipo de discriminação, ou a atuação destes políticos, será que insultar o estado democrático e promover a discórdia é legal perante a Lei, o que não se justifica, é tentar culpar os próprios indigenas de incendiarem o único ônibus escolar que os servia, atos de vandalismos nunca justificaram nada, digo isso com a propridade de quem foi à area intervir como mediador,pacificador para que não houvesse algum tipo de conflito presumido, uma vez quem sem poder comprar pelo gênero,o índio certamente iria buscar uma solução para sanar sua necessidade, pois creio eu que o dinheiro dos Xavantes,é o mesmo utilizados por quem se acha elitizado,de uma coisa sabemos, toda ação desencadeia uma reação, é preciso mudar, para melhorar.

Anônimo disse...

esse Damião e um caloteiro fez um serviço nas caminhonetes de luxo deles em 2005 na minha oficina e até hoje não me pagarão 2000.00 só sabe beber pinga trabalhar que é bom não. só branco que se lasca nessa historia
aha uhu o Posto da Mata é nosso!!!

Copyright©| Desde 2008 | AGUA BOA NEWS COMUNICAÇÃO LTDA | Template customized by Michel Franck

Início