domingo, 8 de março de 2009

Participantes da mesa redonda defendem união do setor para superar a crise e garantir renda

Editado por Kassu - 08/03/2009 às 20h30
AGUA BOA NEWS




CANARANA - Produtores da região e representantes da classe rural do Mato Grosso, se reuniram na manhã da última sexta-feira, 27/fev, no Sindicato Rural de Canarana, para discutirem, através de uma mesa redonda, comandada por João Batista Olivi, apresentador do Terra Viva, idéias que auxiliem os produtores a garantir renda, enfrentando a crise mundial. Após, aconteceu à inauguração do Salão Social do Sindicato Rural.

O conselheiro fiscal da Aprosoja/MT, Antônio Galvan, sugeriu que os produtores do setor do agronegócio invistam na otimização da gestão financeira e no controle de custos em suas propriedades, onde o plantio seja feito apenas com o crédito que chega à mão do produtor. “O Banco do Brasil está praticando um spread de 7.3%, algumas tradings cometem abuso ao sustentar taxas nas alturas. Por isso defendo, é um suicídio plantar com um recurso que só existe virtualmente e que quando chega ao produtor está embutido de juros abusivos”. Galvan lembrou que a Aprosoja desenvolve trabalhos como o Projeto Referência que tem por objetivo otimizar a gestão nas propriedades de Mato Grosso.

Conforme o suplente de deputado federal, Eduardo Moura, os produtores argentinos deram um bom exemplo de mobilização. “A crise chegou com tudo, até porque não somos uma ilha isolada do mundo. O governo tem funcionado como rolo compressor e a solução deve vir da mobilização da própria massa produtiva. Os agricultores da Argentina deram um grande exemplo, ao se juntarem para que o governo enxergasse a calamidade agrícola pela qual está passando aquele país, e tanto o Congresso Brasileiro, quanto qualquer outro só funciona assim, sob pressão. Cabe aos sindicatos e associações tomar a frente em prol da organização da coletividade”.

O presidente da Famato, Rui Prado, pontuou que existem vários projetos que tem por objetivo melhorar a renda do produtor. “O maior entrave é que o Brasil não tem uma política agrícola, existe apenas uma política de crédito subsidiado que atinge pouca gente, em Mato Grosso apenas 9% dos produtores tem acesso a este crédito. E uma das propostas é ampliar o acesso ao seguro rural que não contemple apenas o caso de desastres climáticos, mas também amparem o produtor na questão comercial e garanta renda”. Prado salientou que a Famato, juntamente com os Sindicatos Rurais e as associações, como Ampa e Aprosoja impetraram sete ações judiciárias somente no ano passado. “Cinco destas ações contemplavam questões ambientais e indígenas e duas relacionadas ao endividamento. A última vitória foi a segunda liminar expedida pelo Tribunal de Justiça favorável ao setor que obriga os bancos a efetuarem as renegociações dos financiamentos de investimentos agrícolas”.

Por sua vez o deputado federal Homero Pereira, defendeu que deve haver um fortalecimento maior na área de comunicação com a sociedade. “Para mudar a imagem do setor junto à sociedade, do ponto de visto prático, um dos primeiros pontos estratégicos é investir na comunicação direta com as escolas e com as universidades, de modo que seja propagada a importância da agricultura para a arrecadação dos estados brasileiros, para a abertura de novos empregos, enfim de forma que o povo brasileiro entenda que este país é essencialmente agrícola e a economia depende e muito deste setor”. A falta de informação da população com relação ao agronegócio, é colocada também pelo apresentador João Batista. “Só para você ter um exemplo, enquanto que a sociedade está atemorizada com as demissões que aconteceram na Embraer, onde foram fechados quatro mil postos de trabalho, aqui no Mato Grosso, debaixo dos nossos narizes, se fecham 14 unidades de frigorífico, que representam quatro vezes mais de demissões do que a Embraer e a sociedade urbana não está nem aí, ou nem sabe disso”, falou, explicando que esse é um exemplo claro da hostilidade que existe contra o setor.

Na abertura do evento, Marcos da Rosa, presidente do Sindicato Rural da cidade e vice-presidente Leste da Aprosoja, fez um discurso emocionado, falando sobre as dificuldades dos produtores. Em entrevista, ele disse que a crise fortaleceu as instituições, como Famato e Aprosoja. “Agora, com o fortalecimento das instituições, chegou a hora de discutir com o produtor, e o objetivo de hoje é esse, mostrar que nós temos as ferramentas, mas ele tem que participar do processo, dar respaldo, porque às vezes posso achar que estou representando o produtor e ele diz que não”, disse, acrescentando que esse foi o objetivo do evento.

Falaram também no debate, que reuniu cerca de 150 produtores, o professor Fernando Curi Peres, o vereador de Querência Neuri Wink, o presidente da Câmara de Gaúcha do Norte Ari Lang, da Aprosoja Brasil João Henrique Humel, secretário de Agricultura do Município Eliane Felten, presidente da Acrimat Mario Figueiredo, prefeito de Ribeirão Cascalheira Francisco Assis dos Santos, presidente do Sindicato Rural de Cáceres Neto Gouveia, secretária de Agricultura do Estado Neldo Weirich, e a vice-prefeita de Canarana Marilei Bier, que reafirmou o compromisso da Administração Municipal de ser parceira dos produtores.

Terminando as discussões na mesa redonda, ficou o sentimento em todos os presentes, que a crise será vencida, a renda e o respeito recuperados, somente com união de todos os produtores. Já passado do meio dia, em tom de festa, foi inaugurada o Salão Social do Sindicato Rural de Canarana, seguido por um almoço com churrasco, acompanhado de música ao vivo. (Da Redação O Pioneiro).

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