sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A vida, o sofrimento, as alegrias; em cena a história de dom Pedro Casaldáliga

Edição de Kassu - 21/08/2009 às 19h20


Uma história de dedicação, determinação e amor ao próximo começa a ser encenada nesta sexta-feira, dia 21, em Cuiabá. É o espetáculo "Fica, Pedro!”, que conta a história de vida e de lutas de um dos personagens mais marcantes e contraditórios da história viva de Mato Grosso, o bispo emérito Dom Pedro Casaldáliga, da Prelazia de São Félix do Araguaia. A peça é produzida pela Companhia Cena Onze de Teatro, que montou cenas e coreografias que lembram a vida, o sofrimento, as alegrias e os valores dos índios, negros e posseiros, defendidos pelo religioso. O texto foi escrito por Luis Carlos Ribeiro e Flávio Ferreira, que também dirige a peça. A peça será encenada no teatro da TV Centro América.


A peça teve como origem uma intensa pesquisa entre livros e sites sobre a vida de dom Pedro Casaldáliga, incluindo também na construção viagens a cidade de São Félix do Araguaia, localizada a 2.400 quilômetros de Cuiabá. A equipe ficou frente a frente com o adepto da Teologia da Libertação, que adotou como lema para sua atividade pastoral “Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar”. O poeta, autor de várias obras, Pedro Casaldáliga recebeu todos de braços abertos.


A equipe viveu momentos de longas conversas e aprendizado, em que constatou que o pensamento de Casaldáliga somente será compreendido no futuro. Casaldáliga, segundo Flávio Ferreira, “está além do que ora conseguimos perceber na sua dedicação à causa dos pobres, negros, índios e posseiros”. O diretor se encantou e atesta: o personagem principal da peça, em vida, faz o ser humano se sentir medíocres ante a exagerada preocupação com a própria sobrevivência. “Choramos por várias vezes nesses encontros, ora por emoção, ora por remorso” - conta Flávio Ferreira.


Os atores fizeram laboratórios e oficinas para dar realismo às encenações. A companhia trabalhou com diversos conhecedores e especialistas na área de capoeira e maculelê, como o mestre Olavo, baiano, que os ensinou as características do negro e suas performances e expressões. Sonia Mazetto, ficou com a missão da direção vocal, com exercícios miofuncionais e orofaciais. A orientação de Banavita, um dos grandes pesquisadores dos índios no Brasil, trouxe aos atores uma gama de conhecimentos indígenas para tornar o espetáculo mais próximo possível das mais variadas tribunos da América Latina.


Além disso, os atores aprenderam o dialeto tupi-guarani, ensinado pelo professor Jorge. Os posseiros, encenados pelos atores, tiveram um encontro com alguns dos representantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), que falaram sobre a política e a educação desse movimento social brasileiro, servindo de inspiração para a composição cênica apresentada na peça.


Poeta sereno, sábio e determinado, Dom Pedro Casaldáliga é essência da alma. Entre seus títulos famosos estão Sonetos Neobíblicos, Espiritualidade da Libertação, Murais da Libertação, Tierra, Pedro, Ameríndia, Morte e Vida, Orações da Caminhada, Missa da Terra Sem Males e Missa dos Quilombos.


“Esta obra cênica é dedicada especialmente ao padre João Bosco Penido Burnier e a todos os que lutaram e faleceram, e também aos que ainda lutam pela socialização da terra, da moradia, da educação, da cultura na América Latina” – diz Ferreira.



Elenco


Paulo Fábio (Pedro Casaldáliga); Bené Freitas (inquisidor); Bruno Pinheiro (anjo); Gênesy Almeida, Bené Freitas, Mayco Fabrício, Luana Costa, Clélia Gattass, Janaina Borges, Marcondes Silva e Darlene Vasconcelos (posseiros, índios e negros); Luana Costa (índia 1); Clélia Gattass (índia 2); Valdelino Ribeiro (“A Voz Do Brasil”); e Clean Orben e Flávio Ferreira (“Off” do plano de assassinato de Pedro Casaldáliga).




Fonte: Edimilson de Almeida com eldoradofmvilarica.com.br

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