domingo, 11 de abril de 2010

Narcotráfico seguem com ameaças a juízes em Mato Grosso

João Arruda
de Cáceres / publicado por Kassu Água Boa News

A violência na região Oeste de Mato Grosso continua ganhando contornos sombrios. Na cidade, dois magistrados vem sofrendo constantes ameaças de morte. A situação é tão tensa que a Policia Federal recebeu o reforço nas ultimas horas de pelo menos mais 50 agentes, dobrando o efetivo da atual delegacia. Na quinta-feira, dia 8, e hoje, 9, a movimentação era intensa com viaturas, armamentos e pessoal na sede da PF, situada no Centro Operacional de Cáceres –COC.

Os juízes que vem sendo intimidados por bandos que supostamente operam na região Oeste do Estado, onde o indíce de violencia é elevadao, são: Raphael Cazelli de Almeida Carvalho, atualmente na Vara Federal de Cáceres, e o Alex Nunes Figueiredo, titular da 2ª Vara Criminal de Cáceres.

Ambos desde o inicio das ameaças alteraram a rotina diária visando evitar emboscadas. Na cidade eles raramente são vistos, e quando aparecem contam com o trabalho de escoltas de homens da PF ou da 2ª Seção do Batalhão de Fronteira. Numa das poucas entrevistas concedidas pelo juiz Alex Nunes, ele admitiu que com freqüência viesse sendo ameaçado através de telefonemas. Apesar das investigações ainda não se chegou aos autores.

O magistrado atribui essa situação a atuação firme dele no combate ao crime organizado que opera de dentro da Bolivia com ramificações importantes dentro da região Oeste.

As reações criminosas estariam partindo de grupos que atuavam de forma ordenada na fronteira, e que até então seus membros flagrados cometendo ilícitos eram colocados em liberdade em prazo curto. No entanto, desde a rumorosa “Operação Volver”, que levou cerca de 30 envolvidos a cadeia, dentre eles uma advogada, as intimidações intensificaram. Todos os denunciados na “Volver” ainda estão encarcerados.

Além deles, outras facções que operavam com arremesso de cargas de cocaína através de pequenas aeronaves também foram desarticulados, - um vereador boliviano de apelido “Chichito” e ex-corretor de gado Ariovaldo Barbosa Neto, são apontados como possíveis lideres desse grupo. A defesa de Chichito que se encontra recolhido na carceragem da PF em São Paulo, nega sua participação nessa operação batizada pela Policia como “Campos do Norte”. Enquanto que Ariovaldo está recluso na Penitenciaria Federal de Campo Grande (MS), seus parentes reclamam sua inocência.

Apesar da retirada de vários grupos que agiam na área que faz divisa com a Bolivia, as autoridades admitem que o efetivo policial ainda é insuficiente para conter a criminalidade. “Um dos grandes problemas nesta região é que as autoridades bolivianas cooperam muito pouco com o Brasil. É de lá que vem a droga, nas cidades fronteiriças como Las Petas, San Bartolo, principalmente San Inacio de Velasco e San Mathias, utilizadas como refúgios de narcotraficantes” – revela um policial federal.

Esse policial sustenta que a maioria de nacionalidade brasileira que em conluio com bolivianos fomentam o trafico no lado de cá da fronteira, caso houvesse empenho das autoridades bolivianas em nos entregar esses foragidos, a redução da violência no oeste mato-grossense seria reduzido de maneira significativa. Ele aponta também que estimativas sugerem cerca 27 brasileiros morando clandestinamente no lado boliviano e atuando diretamente na pistolagem e no narcotráfico.

Na cidade de Pontes e Lacerda os moradores ficaram estarrecidos com um minucioso relatório elaborado pelo promotor Marcelo Mendes Maio, e que acabou vazando na imprensa do Estado, a situação é igualmente a de Cáceres com alto grau envolvimento de policiais com quadrilhas e com entradas de ilícitos oriundos da Bolivia.

O problema está arraigado de tal maneira na área conhecida como “Vale do Guaporé”, que as aldeias indígenas – Nhambykuara (Nova Lacerda) e Kanachuê (Comodoro) – são alvos de despejos aéreos de cargas de pasta base de cocaína. Esse fato tem gerado até piadas, tanto que boatos nessas cidades de maneira debochadas os moradores dizem que “cai tanta droga que os índios estão andando de capacetes”.

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