quarta-feira, 26 de maio de 2010

Polícia Civil confirma troca de peças em caminhões; inquérito investiga "lavagem"



CLÁUDIO MORAES
O Documento

Os três delegados designados pela Polícia Civil, através da Delegacia Fazendária, para apurarem criminalmente as denúncias de superfaturamento das 705 máquinas do programa "Mato Grosso 100% Equipado" prestaram na tarde de hoje esclarecimentos a Comissão de Fiscalização e Acompanhamento Orçamentário da Assembleia Legislativa. Os delegados Rogério Modelli, Alana Cardoso e Luzia Machado explicaram que o inquérito policial não deve ser concluído no prazo inicial de 30 dias, sendo que serão necessários mais 30.

Ou seja, somente em julho deverão ser conhecidos publicamente o nome das pessoas que teriam dado um rombo de cerca de R$ 44,5 milhões nos cofres públicos do Estado. O delegado Rogério Modelli revelou que as perícias "in loco" que vem sendo feitas nas cidades em que foram destinados os equipamentos já apontam que alguns itens tiveram modelos diferentes e com qualidade inferior dos estabelecidos no edital de licitação.

Segundo o delegado, diante das falhas encontradas, as perícias deixarão de serem feitas por amostragem em 11 cidades passando para os 141 municípios do Estado. De forma suscinta, a Polícia Civil já descobriu trocas de equipamentos principalmente nos caminhões entregues, como por exemplo baterias, pneus e caçambas. "Estamos confrontando aquilo que foi comprado com aquilo que foi entregue", explicou o delegado Rogério Modelli.

A Delegacia Fazendária garantiu que tem feito um trabalho sigiloso no sentido de encontrar indícios que apontem a culpa dos envolvidos no "escãndalo dos maquinários". "Este foi o maior prejuízo dado na história de Mato Grosso e temos que atuar com maior firmeza", declarou a delegada Luzia Machado.

Os delegados também garantiram isenção nas investigações apesar de estarem investigando orgãos do próprio Estado. "Não é possível parcialidade. Somos servidores públicos e somos controlados pelo Ministério Público e Judiciário", argumentou a delegada.

Em relação ao romo já descoberto pela Auditoria Geral do Estado, os delegados informaram que ainda não sabem precisar se ele será maior após a conclusão do inquérito policial. Todavia, o deputado José Domingos prevê aumento de R$ 4 milhões no rombo diante da troca de itens dos maquinários adquiridos.

Além do inquérito para investigar crimes a administração pública, a polícia deve estabalecer um novo inquérito para investigar uma suposta lavagem de dinheiro. A revelação do esquema foi feita ontem pelo secretário de Justiça e Segurança Pública, Diógenes Curado.

Vergonha

Relator do projeto na Assembleia Legislativa que autorizou o Estado a contrair empréstimo junto ao BNDES, o deputado Otaviano Pivetta (PDT), lamentou o superfaturamento ocorrido nas licitações da máquinas. "Isso envergonha toda a população. O conceito que fica é de um Estado corrupto", assinalou.

Otaviano Pivetta ainda citou que o ex-governador Blairo Maggi (PR), pré-candidato a senador, deixou o palácio Paiaguás de forma lamentável. "É muito triste o meu amigo Blairo Maggi ter terminado um governo que prometia quebrar paradigmas da mesma forma que outros", frisou.

Já o deputado estadual Maksuês Leite pediu que os responsáveis pelo rombo sejam responsabilizados. "Não podemos aceitar que o Estado seja lesado e os responsáveis sejam imunes ou usem manobras jurídicas para não serem responsabilizados", comentou.

Para o deputado progressista, o setor de Infraestrutura da Agecopa (Agência de Execução dos Projetos da Copa do Pantanal) precisar ser fiscalizado constantemente em decorrência da recéma-aprovada autorização de empréstimos na ordem de R$ 1,114 bilhão. "Não podemos repetir o mesmo erro com um volume tão grande de recursos", alertou.

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