terça-feira, 24 de agosto de 2010

Mensagem de S. Santidade BARTOLOMEU I, Patriarca Ecumênico de Constantinopla para o Início do Novo Ano Eclesiástico de 2010, «Dia Mundial de Proteção

Por ECCLESIA
Edição: Meider Leister


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osso bem-aventurado predecessor, o ilustre Patriarca Demétrio, tendo pleno conhecimento da emergência da crise do Meio Ambiente, assim como, da responsabilidade da Igreja quanto a sua urgente e efetiva abordagem, deixou-nos, há mais de duas décadas, a primeira encíclica oficial sobre a Proteção do Meio Ambiente. Esta encíclica, pela qual a Mãe Igreja instituiu oficialmente o dia 1º de Setembro de cada ano – início do ano novo eclesiástico -, como um dia de oração para a proteção do meio ambiente, se dirigia à plenitude da Igreja, em toda a extensão da terra.

Como então achou por bem assinalar com discernimento nossa Igreja, o significado do caráter distintivo, eucarístico e ascético de nossa tradição se revela como uma contribuição maior - urgente e pessoal - para a boa e universal luta pela proteção do meio ambiente natural como divina criação e comum herança. Hoje, mediando uma crise econômica sem precedentes, a humanidade está sendo provada de diversas maneiras. Esta prova, porém, diz respeito, não apenas às dificuldades pessoais de cada um de nós, senão ao conjunto da humanidade enquanto sociedade, à conduta e percepção acerca do mundo que nos cerca, e à hierarquia de valores e prioridades.

É importante que esta penosa crise econômica se constitua num gatilho que dispare o absolutamente necessário e árduo retorno a um desenvolvimento ambiental sustentável, isto é, em vista daquele modelo de uma política econômica e social que coloque como base o meio ambiente e não a descontrolada ganância econômica. Pensemos, pois, por exemplo, o que poderia acontecer em países que hoje estão sendo severamente castigados pela crise econômica e a fome, como a Grécia, e que, ao mesmo tempo, dispõem de excepcional riqueza natural: ecossistemas únicos, espécies singulares de fauna e flora e recursos naturais, belíssimas paisagens, abundante sol e vento. Se os ecossistemas são degradados e desaparecem, se os recursos humanos se esgotam e as paisagens são destruídas, enquanto que, por causa das alterações do clima, surgem outras condições climáticas imprevisíveis. Quais serão, então, a base e o futuro econômicos desses países e, em geral, do planeta?

Entendemos, portanto, que agora se torna inevitável a necessidade de coordenar acordos sociais e iniciativas políticas, a fim de que seja possível um retorno ao caminho de um desenvolvimento ambiental e ecologicamente sustentável.

Para a nossa Igreja Ortodoxa, a proteção ao Meio Ambiente como criação divina "muito boa" constitui uma responsabilidade maior para o homem, independentemente dos seus benefícios materiais e econômicos, que são prescindíveis. Uma estreita conexão com a obrigação divina e com o mandamento “trabalhai e protegei" em todas as instâncias da vida moderna, constitui o único caminho para a coexistência harmônica com cada elemento da criação e com o conjunto do mundo natural em geral.

Conclamamos, pois, a todos os irmãos e filhos amados no Senhor, à titânica, porém justa luta em favor da mitigação da crise ambiental, a fim de se evitar conseqüências ainda piores, tendo como fim último a harmonia de nossa forma de vida e pensamento – pessoal e comunitário – requerendo a manutenção, tanto dos ecossistemas naturais e de cada uma das espécies de fauna e flora, como de todo o universo como um todo indivisível.

1º de setembro de 2010

† Bartolomeu de Constantinopla

Vosso irmão em Cristo e fervoroso intercessor a Deus de todos vós

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