sábado, 30 de outubro de 2010

Karajá propõe criação de polícia indígena

Gilson Cavalcante, iG Tocantins
Sugestão é uma das alternativas para minimizar alcoolismo em aldeias no Tocantins e Mato Grosso
Criação de uma polícia indígena destinada a proteger os integrantes das aldeias de pessoas violentas devido à embriaguez, incentivos à prática de esportes, criação de centros de atividades longe das cidades e punição aos índios que levarem bebida para comercialização nas terras indígenas durante festas e comemorações tradicionais.
Estas foram as soluções apresentadas pela própria comunidade indígena Karajá do Tocantins, durante seminário realizado na terça e quarta-feira passadas, em São Félix do Araguaia, no Mato Grosso. O seminário foi para debater o uso abusivo de álcool entre indígenas da etnia Karajá.
Crianças
“Precisamos cuidar principalmente das crianças, que são o nosso futuro”, disse Iraro Karajá, cacique e vereador pela cidade de Lagoa da Confusão (TO), de acordo com informações da assessoria de imprensa do Ministério Público Federal. Os próprios indígenas apontaram as prováveis causas do problema e elaboraram uma série de sugestões para que o problema seja minimizado.
Trabalhando em grupo, os índios se empenharam em responder cinco questões apresentadas pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) relativas ao problema e apresentar sugestões. Antes do trabalho em grupo, a enfermeira do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Araguaia, Juliana Neiva apresentou um levantamento feito nas aldeias Karajá nos estados do Tocantins, Mato Grosso e Goiás.
Suicídio
O relatório de Juliana Neiva contém dados relativos a abuso de álcool e outras drogas e suas consequências.Entre as consequências mais graves a enfermeira citou a onda de suicídios, a violência entre parentes e a degradação física e moral dos indivíduos. “O abuso de álcool muitas vezes é sintomático não do alcoolismo em si, mas de questões relacionadas à saúde mental da pessoa.”
Juliana considerou como uma vitória próxima a instalação de um Centro de Apoio Psicossocial (Caps) em São Felix do Araguaia, a cidade mais próxima de muitas aldeias, tanto pela facilidade para prover o tratamento quanto para a maior eficiência no tratamento de casos pontuais, hoje feitos em Goiânia (GO).
“Os índios em tratamento ficam até 28 dias em clínicas, mas seu entrosamento com outros internos é difícil, assim como conseguir vagas. A proximidade de um Caps em São Félix facilitará o trabalho dos agentes e pode trazer melhores resultados. Após algum tempo os que retornam dos tratamentos voltam a abusar do álcool, muitas vezes como consequência de outros problemas,” explicou a enfermeira.

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