sábado, 29 de janeiro de 2011

Crisântemo

De beleza delicada e cores variadas, a flor tem boa aceitação de mercado e comercialização garantida
por João Mathias | Consultores Giulio Cesare Stancato e Roberta Pierry Uzzo*(Globo Rural)

 Shutterstock
Flor dourada é o significado da palavra crisântemo em grego, embora suas pétalas possam mostrar uma ampla gama de cores. Além dessa diversidade, o crisântemo apresenta ainda cultivares com botões de formatos diferentes, tornando-se uma excelente opção para decorar ambientes. A flor tem boa procura no comércio e oferece renda garantida ao produtor. Em grandes centrais de abastecimento, o preço do pacote com entre 20 e 30 plantas é de R$ 8 a R$ 10.

Da família Asteraceae, o crisântemo tem origem asiática – provavelmente apareceu na China, de onde veio a maioria das espécies que compõem as linhagens a partir das quais foram desenvolvidas as cultivares atualmente em uso no mundo. Há relatos do cultivo da flor de mais de 2 mil anos. No fim do século XVII, ela já era encontrada na Europa e 100 anos mais tarde estava presente nos Estados Unidos. Desde então, o crisântemo tem sido melhorado e selecionado na busca por cultivares adequadas a diferentes locais. Hoje há milhares delas – adaptadas às mais diversas condições de plantio.

Boa parte das variedades encontradas no mercado brasileiro é descendente de plantas oriundas do Japão. Elas começaram a ser disseminadas por aqui com a chegada dos imigrantes daquele país a partir do início do século passado. O Brasil também conta com cultivares de origem europeia, trazidas por holandeses que se estabeleceram aqui.

O crisântemo se desenvolve bem em períodos de dias curtos, florescendo naturalmente no inverno. Mas a produção durante o ano inteiro é possível quando o plantio é realizado em estufas dotadas de tecnologia para escurecimento artificial. O crisântemo para fins comerciais é propagado exclusivamente de forma vegetativa. Empresas especializadas – com boas condições de fitossanidade, renovação constante de matrizes e frequente introdução de novas cultivares – produzem estacas de brotos terminais cultivados em dias longos. Vale lembrar que, em geral, essas empresas exigem do comprador uma programação anual de fornecimento, com o objetivo de assegurar a entrega regular das cultivares desejadas.


Avani Stein
Tecnologia para escurecer artificialmente o interior da estufa permite produzir a flor o ano todo

 RAIO X
SOLO: fértil
CLIMA: de 18 a 25 graus célsius (OC)
ÁREA MÍNIMA: pode ser plantada em vasos, canteiros ou jardins
CORTE: 13 semanas após o plantio das mudas
CUSTO: a muda varia de R$ 3 a R$ 5

 MÃOS À OBRA
INÍCIO: As mudas são retiradas das ponteiras das plantas matrizes com quatro centímetros, se forem para jardim ou vaso pequeno; cinco centímetros, para vaso; e seis centímetros, para corte. Compre mudas de viveiristas ou empresas idôneas e com referências, a fim de assegurar a qualidade da planta.
PLANTIO: Inicialmente, as mudas são tratadas com reguladores de crescimento e, em seguida, plantadas em substrato. Após duas semanas, já enraizadas, devem ser levadas para canteiros ou vasos adubados. Para estimular o crescimento, use iluminação noturna por duas a quatro semanas, período em que deve ser feito o “pinch” – eliminação do broto central para o desenvolvimento de brotações laterais, ou o inverso, para obter uma flor única por planta. Ao atingir cerca de 40 centímetros (vaso), ou 80 centímetros (corte), inicie a indução ao florescimento. Por três ou quatro semanas e em algumas horas do dia, forre a estufa com plástico preto e retire-o, definitivamente, apenas quando aparecer a cor dos botões. As flores se abrirão por completo em duas semanas.
CANTEIRO: Recomenda-se que cada um tenha as medidas de 1,2 metro de largura por 20 centímetros de altura. Distribua estacas nas bordas do conjunto de canteiros a cada 2,5 metros, para sustentação da rede de tutoramento de 360 malhas. Entre as plantas, o espaçamento indicado é de 12,5 por 12,5 centímetros, tanto no verão quanto no inverno. A cada três ciclos de cultivo, o solo deve ser esterilizado. Uma alternativa é injetar no terreno, por quatro horas, vapor entre 85 ºC e 90 ºC. Faça análise do solo e, se necessário, aplique calcário elevando a saturação de bases a 80%. O pH ideal para o crisântemo fica na faixa de 5,5 a 6,5. Até a nona semana, irrigue por aspersão e depois mude para tubos ou tripas perfuradas (gotejamento).
ADUBAÇÃO: Use no plantio 30 quilos por hectare de nitrogênio (N); de 100 a 300 quilos por hectare de pentóxido de fósforo (P2O5); e de 50 a 150 quilos por hectare de potássio (K2O). Antes do plantio das mudas, aplique 40 litros por metro quadrado de palha de arroz carbonizada, ou similar, e misture bem com o solo até 20 centímetros de profundidade. Para adubação de cobertura após 30 dias do plantio, use 60 quilos por hectare de nitrogênio e 50 quilos por hectare de potássio. Um mês depois, acrescente a mesma quantidade de nitrogênio. A partir de 40 dias após o plantio, faça quatro irrigações, com intervalos de dez dias, com cinco litros por metro quadrado de uma solução de um grama de nitrogênio, 0,5 grama de potássio, dez miligramas de manganês (Mn), dois miligramas de boro (B) e um miligrama de zinco (Zn). Solicite a orientação de um engenheiro agrônomo.
CORTE: Após 13 semanas do plantio das mudas, pode-se fazer o corte das plantas rente ao solo. Agrupe as hastes em fardos e coloque-os em baldes com água limpa para as flores durarem mais tempo.

*Giulio Cesare Stancato e Roberta Pierry Uzzo, pesquisadores do Centro de Horticultura do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Av. Theodureto de Almeida Camargo, 1500, CEP 13075-630, Campinas, SP, tel. (19) 3241-9091, stancato@iac.sp.gov.br, rpuzzo@iac.sp.gov.br

Onde comprar: há diversos viveiros em Holambra e Atibaia, em São Paulo.
Mais informações: Associação dos Produtores e Comerciantes do Mercado de Flores de Campinas (Aproccamp), tel. (19) 3746-1608.

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