terça-feira, 15 de março de 2011

Graves questões ambientais são destaque do 1º dia do Seminário Nacional de Mudanças Climáticas

Fonte: www.ihu.unisinos.br
"A causa indígena nos traz um serviço supra-evangélico de despojamento de abertura ecumênica e macro-ecumênica que nos ajuda a encontrar Jesus”. A frase, de dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT) foi citada pelo secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Eden Magalhães na abertura do 2º Seminário Nacional de Mudanças Climáticas e Justiça Social, que acontece no Centro de Formação Vicente Cañas, que fica próximo a cidade de Luziânia (GO).

A reportagem é do portal da CNBB, 14-03-2011.

O evento, que segue até o próximo dia 16, têm a participação de 90 pessoas, entre agentes de pastoral, especialistas em clima, professores, movimentos da sociedade civil, ONG’s e entidades privadas, de diversos lugares do Brasil e do exterior. Eles debatem, à luz do texto-base da Campanha da Fraternidade 2011, as mudanças climáticas, o aquecimento global e as consequências da ação humana no favorecimento a esses efeitos climáticos.
O evento é promovido pelo Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJF), organismo ligado a Comissão Episcopal Pastoral para a Caridade, Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo o sociólogo e coordenador do (FMCJF), Ivo Poletto, o clima global vive uma transformação muito abrupta, mais do que os especialistas puderam prever. “Por isso a importância desse seminário nacional, para que possamos compreender melhor o que está acontecendo para que possamos ver o que está se fazendo e o principal, incluir a maior quantidade de pessoas na questão o que se pode fazer, acho que esse é o grande ponto, o despertar para uma nova consciência, social e cultural em relação ao meio ambiente e ao ecossistema em que cada um está inserido”, destacou Ivo Poletto.

Para o bispo de Jales (SP) e presidente da Cáritas Brasileira, dom Demétrio Valentini, um fator importante  para esse ‘despertar’, sugerido por Ivo Poletto, se da com o lançamento da Campanha da Fraternidade 2011, que trata de “Fraternidade e a Vida no Planeta”. “A CF 2011 trata de dois aspectos importantes para a preservação da vida no planeta. Mudanças Climáticas e o aquecimento global. Se conseguirmos estancar o aquecimento global, consequentemente o primeiro voltará ao seu normal. Acho que os cientistas estão ainda muito superficiais em suas análises sobre o clima, por isso destaco a ação da Igreja, em buscar uma atitude logo sobre o clima. Por isso é uma atitude louvável da Igreja em despertar o consciente nacional sobre essa problemática que atinge a todo o mundo moderno, com suas características mercadológicas e consumistas.

O bispo discursou sobre a teoria dos cientistas em relação ao surgimento do mundo, o “Big Bang”, e a evolução humana ao longo de milhares de anos, destacando as faces climáticas e suas catástrofes globais, como o fim das eras glaciais.

Além de dom Demétrio, o representante da organização beneficente Misereor, Malte Reshösft, discursou na abertura destacando a maior atuação da entidade ao longo dos anos 2000. “De 2005 para cá sentimos um elevado crescimento de ajuda às cidades ou localidades atingidas por algum tipo de desastre natural, muito provavelmente decorrido do aquecimento global ou das mudanças do clima. Nós só aprendemos com a dor, tanto é que vimos neste examomento como vivem os japoneses, após esse terrível terremoto seguido de um tsunami. Mas vejo por um lado positivo. Pela primeira vez as nações mais poderosas do mundo estão se reunindo, de forma pacífica, para resolver um problema de escala global. E este simpósio é um dos vários encontros que devem pautar as agendas globais sobre o assunto em questão”, explicou Malte Reshösft.

A primeira mesa de debates ficou por conta do professor, sociólogo e membro da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), Ivo Lesbaupin e da professora e, Marijane Lisboa. Ambos destacaram a utilização dos recursos naturais do planeta. Na pauta das discussões, entrou a geração de energia elétrica, que atualmente o Brasil utiliza a menos indicada (queima de combustíveis fósseis ou energia hidrelétrica), pois são grandes fontes de poluição, destruição da vida animal e vegetal.

“Não basta só haver coleta seletiva, a troca de carros à gasolina por carros movidos a eletricidade, economia de água, entre outros. É preciso algo mais profundo, é preciso mudar nosso sistema econômico e de desenvolvimento. É preciso se opor veementemente ao agronegócio, ao uso de agrotóxicos, aos transgênicos e dizer sim à reforma agrária, como propõe a Via Campesina. É preciso, urgentemente, mudar nosso sistema de energia utilizando outras formas potencialmente possíveis no país, como a eólica e a solar”, afirmou Ivo Lesbaupin.

Ainda segundo o pesquisador, na próxima geração (50 anos) será possível utilizar menos energia que atualmente, porque as casas terão sistemas para poupar energia. “Então para que tantas hidrelétricas sob o signo de que necessitamos mais e mais energia elétrica? Por que temos mais direitos que os indígenas, pescadores, ribeirinhos, quilombolas e tantos outros povos tradicionais que sequer têm acesso a ela? Queremos um sistema que gere vida, não um sistema que crie coisas descartáveis”, afirmou.

Marijane Lisboa falou da garantia dos direitos e a relação com o uso consciente dos recursos naturais. “A história da humanidade é uma história de injustiças ambientais e garantia de direitos de uns em detrimento dos direitos de muitos”.

Ato Público
O Simpósio será encerrado com a realização de um ato público, na próxima quarta-feira, 16 de março, a partir das 14 horas. Na ocasião, estarão presentes, a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário Nunes, o ministro da secretaria geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, um representante do Ministério do Meio Ambiente e o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Caridade, Justiça e Paz, da CNBB, dom Pedro Luiz Stringhini.

O convite para que representantes do Estado participem do ato tem como objetivo trazê-los para o debate sobre a perspectiva da construção de políticas publicas sobre mudanças climáticas. Além disso, os participantes também aprovarão uma carta-compromisso, em que se estabelecerão metas a serem cumpridas e ações concretas para combater o aquecimento global em território nacional. O ato público acontecerá no Centro Cultural de Brasília (CCB), que fica na 601 Norte, módulo B.

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