Achado DNA da Polinésia em índios extintos do Brasil 8
São Paulo - Análises genéticas de crânios antigos guardados no Museu
Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro revelaram um
componente inesperado no genoma de uma linhagem extinta de índios
brasileiros chamados botocudos (ou aimorés).
Vasculhando o DNA
mitocondrial desses índios, em busca de pistas sobre o povoamento das
Américas, pesquisadores encontraram algumas marcas genéticas
características de povos polinésios, das ilhas do Pacífico.
O
estudo não propõe que houve uma migração de polinésios para as Américas
(altamente improvável, tanto do ponto de vista geográfico quanto
cronológico), mas sugere que, de alguma forma indireta, pessoas de
origem ou ancestralidade polinésia cruzaram com a linhagem dos botocudos
na mata atlântica do sudeste brasileiro. Só não se sabe quando, onde
nem como isso teria acontecido. "Precisamos achar uma explicação para
isso", diz o pesquisador Sérgio Pena, da Universidade Federal de Minas
Gerais, que coordenou o estudo.
O trabalho, publicado na
revista PNAS, propõe quatro caminhos que o DNA polinésio poderia ter
percorrido para chegar aos botocudos. O cenário mais plausível, segundo
Pena, é que ele tenha chegado no início do século 19, com escravos de
Madagascar, país africano onde há uma herança genética polinésia. Pode
ter havido uma miscigenação entre os escravos e os botocudos, ou
mulheres africanas podem ter sido raptadas pelos índios e tido filhos
com eles.
Os botocudos ocupavam áreas dos atuais Estados de
Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Eles não aceitavam a autoridade
portuguesa e foram extintos no fim do século 19, segundo o estudo. As
marcas genéticas foram encontradas em amostras extraídas dos dentes de 2
dos 14 crânios pesquisados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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