Operação "Terra Prometida" - Irmãos do ministro Neri Geller ainda não se entregaram à PF; fraudes acontecem há 17 anos
Da Reportagem – Laice Souza/ Da Redação – Katiana Pereira/Blog do Antero
A Polícia Federal informou, durante
coletiva de imprensa na tarde dessa quinta-feira (27), que ainda aguarda
a apresentação dos dois irmãos do ministro da Agricultura Neri Geller,
Odair Geller e Milton Geller – ex-prefeito de Tapurah-, que tiveram a
prisão decretada pela Justiça.
Conforme a PF, os dois passam a ser considerados foragidos após das 24h dessa quinta-feira. Os
advogados dos alvos informaram às autoridades que Odair e Milton devem
se entregar ainda no dia de hoje. Eles são acusados de envolvimento na
prática de crimes de invasão e roubo de terras públicas da União,
formação de quadrilha e licitação fraudulenta. A fraude é estimada em R$
1 bilhão.
As
prisões dos dois fazem parte da operação “Terra Prometida”, que foi
desencadeada nesta quinta-feira em Mato Grosso e mais três Estados.
O delegado da PF, Hércules Sodré, disse
que a fraude iniciou em 1997 desde o inicio do assentamento em Itanhangá
(456 km de Cuiabá), que é um dos maiores da América Latina. “Era fraude
em cima de fraude”, asseverou o delegado. Ao todo são 1149 lotes,
sendo que 1000 desses estavam nas mãos de pessoas com alto poder
aquisitivo.
A família do ministro Neri Geller possui
15 lotes no assentamento, todos em nomes de parentes. A área, conforme
informações da PF, já está toda devastada para a plantação de soja. Já
ex-prefeito de Lucas do Rio Verde, Marino Franz, também investigado e
que foi preso nessa quinta-feira, a sede de sua empresa foi construída
no lote 581 da União. De acordo com as investigações, o lote teria sido
repassado ao político pela prefeitura de Itanhangá. Hoje o imóvel vale
R$ 30 milhões.
O delegado explicou que a organização
criminosa era composta por três escalões de poder. O primeiro escalão é
formado pelos líderes, um grupo de 13 pessoas – empresários, fazendeiros
da região, políticos e seus familiares. O segundo escalão contém 59
pessoas, entre eles servidores do Incra. O terceiro escalão conta com a
participação de sindicalistas rurais de Itanhangá, onde o assentamento é
localizado.
As condutas criminosas supostamente
cometida pelos suspeitos, se mostraram muito lucrativas, conforme as
investigações, tanto para os intermediários que atuavam nas negociatas,
quanto para os grupos do agronegócio que reconcentram as parcelas,
usurpando áreas de topografia plana, o que as torna muito produtiva e
valorizada após a mecanização. Atualmente, estima-se que 80 fazendeiros
estão reconcentrando ilegalmente no lotes da União, sendo que o maior
latifundiário reconcentra 55 lotes, e o menor 5 lotes.
Na coletiva também foi informado que o
Ministério Público Federal (MPF) vai analisar a parte civil dos crimes,
como a questão do desmatamento e a retomada das terras da União. “Os
lotes são explorados por homens do agronegócio. O que iremos fazer é a
retomada dos lotes que estão nas mãos dessas pessoas. Toda grande área
se tornou um latifúndio. Empresários, fazendeiros nunca poderiam em
posse dos lotes. Isso não é reforma agrária”, disse a
procuradora Ludmila Bortoleto Monteiro.
Nota do MAPA
O Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento informa que o ministro Neri Geller não foi arrolado na
“Operação Terra Prometida”, deflagrada pela Polícia Federal. O ministro,
que estava em missão internacional nos Emirados Árabes e retornou ao
Brasil no final da tarde desta quinta-feira (27), lamenta a presença de
familiares entre os investigados e diz não acreditar na participação dos
mesmos em qualquer irregularidade. Geller afirma não possuir associação
jurídica ou outro tipo de sociedade com os envolvidos no processo.
GRILAGEM EM TERRAS DA UNIÃO
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