TERRA PROMETIDA: Irmãos de ministro se entregam em Cuiabá; STF investiga políticos graúdos
Odair e Milton Geller se apresentaram na PF por volta das 23h00
Rafael Costa/Folha Max
Parte das investigações que culminaram na Operação Terra Prometida
deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (27) foi encaminhado
ao Supremo Tribunal Federal (STF) por conta da prerrogativa de foro
privilegiado de alguns dos suspeitos de fazer parte do esquema
bilionário de grilagem de terras destinadas a reforma agrária
transformadas em grandes lafitúndios. Conforme a Constituição Federal,
gozam de foro privilegiado na Suprema Corte em relação a processos da
esfera criminal ministros de Estado, senadores e deputados federais.
Em seu despacho, o juiz federal na comarca de Diamantino, Fábio
Henrique Rodrigues de Moraes Fiorenza, que autorizou a expdição de 227
mandados de busca e apreensão e prisão, deixa claro a presença de
autoridades com foro privilegiado com suspeita de envolvimento. “Diante
do surgimento de nome com prerrogativa de foro perante o Supremo
Tribunal Federal os autos foram remetidos a essa corte, que os
desmembrou e os devolveu a este juízo para analisar as representações em
relação às pessoas sem a prerrogativa”, diz um dos trechos da decisão
judicial.
IRMÃOS DE MINISTRO
Na relação dos presos estão dois irmãos do ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Neri Geller (PMDB), político mato-grossense
que detém base eleitoral em Lucas do Rio Verde. Tratam-se de Milton
Geller, ex-prefeito de Tapurah e lotado como secretário Adjunto de
Desenvolvimento da Agricultura Familiar na estrutura do governo do
Estado e o empresário Odair Geller.
Aliás, os dois irmãos do ministro que tiveram as prisões decretadas
se apresentaram na noite desta quinta-feira por volta das 23h00 na
superintendência da Polícia Federal, em Cuiabá. Eles negam qualquer
participação no esquema suspeito de desvios na ordem de R$ 1 bilhão com a
utilização de "laranjas" para regularização de áreas na região Norte de
Mato Grosso.
Aliás, todos presos na Operação Terra Prometida passaram a noite de
quinta para sexta-feira na penintenciária central de Cuiabá. A decisão
de mandar todos para o antigo Pascoal Ramos partiu dos delegados que
comandam a operação.
Produtor rural, Neri Geller chegou ao cargo de ministro de Estado em
meio a uma articulação política liderada pelo senador Blairo Maggi (PR),
que recebeu apoio da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados. A
Operação Terra Prometida da Polícia Federal investiga a venda ilegal de
lotes distribuídos por meio da reforma agrária conduzida pelo governo
federal em Mato Grosso.
Os crimes investigados são de invasão de terras da União, contra o
Meio Ambiente, fraudes em documentos, corrupção ativa e passiva. Há
investigados também nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul.
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