quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Travessia do Rio das Mortes: O desabafo de empresários

Por Kassu e Fabiano Iappe
Para Água Boa News e Jornal e Rádio Interativa
Em 09/09/2009 às 14h00 - edição 10/09/2009 às 17h41


Empresária Neila Godinho (Calcário Serra Dourada) e Ildefonso (Transpotadora Carajás)


Chegamos à barranca do Rio das Mortes a Balsa está operando, mas as filas são enormes. Do lado de Nova Nazaré onde os caminhões estão vazios não há filas. Pois a maioria deles está do lado de Cocalinho carregados e esperando para passar. É uma verdadeira multidão. Mais de uma centena de carretas enfileiradas na própria estrada não á pátio para estacionamento e nem organização numérica. São mais de 100 motoristas impacientes e silenciosos. Que ficam aos poucos mudando os brutos pra frente. Desde a chegada confirmamos que portadores de equipamentos de áudio e vídeo não são bem vindos. A fila vai do Rio até mais de 01 km de distância. Não sabemos por que os motoristas não gostam de falar. Sofrem calados e humilhados. Na maioria são funcionários e tem medo de perder o emprego. “Aqui sofremos muito mais é o nosso ganho pão. Tenho medo de perder o emprego” Outro que é proprietário deu entrevista e depois se arrependeu e ligou para nossa reportagem pedindo para não colocar seu nome.

O silêncio impera no local, mais encontramos o empresário da Transportadora Carajás senhor Ildefonso de Souza que gentilmente falou o que realmente está acontecendo. A seguir a entrevista:

Fabiano Iappe – Ildefonso fala um pouco o que está acontecendo aqui. Seus caminhões estão parados pelo problema da balsa.

Ildefonso – Nós estamos aqui transportando calcário da região de Cocalinho no sentido a Canarana, Querência e Ribeirão Cascalheira. Só que infelizmente a situação está complicada vocês estão vendo a situação aqui hoje. Tem aqui aproximadamente 100 caminhões na fila para passar no rio das Mortes onde tem só uma Balsa, sendo que o correto seria uma ponte a situação está desse jeito que vocês estão vendo aí. Nós estamos aqui trabalhando muitos motoristas empregados outros autônomos que estão aqui como nós trabalhando por que tem necessidade. Veja para quem chegou aqui hoje nesse momento ao meio dia só vai passar amanhã. É complicado todo mundo tem os seus compromissos, todo mundo está aqui trabalhando, ninguém esta aqui passeando, ninguém está aqui divertindo. Todo mundo está aqui por que tem realmente necessidade de trabalhar. Só que a gente chega aqui carrega o calcário e vem para passar pelo rio demora. Além do mais a estrada não é boa. Tem muita quebra de caminhão. É muita gente sentindo a dificuldade no bolso. É muita quebra de mola de eixo é muita gente ficando na estrada, é muito pneus estourado. A estrada é ruim é péssima. Não estou culpando o proprietário da balsa, o comércio da balsa. A nossa reivindicação é que as nossas autoridades, os políticos que venham aqui para perceber. Que não passa só de avião, que venham aqui na estrada na balsa, ficar uma noite, um dia no relento do sol como estamos aqui, é gente com família é motorista que leva sua esposa, os filhos, para acompanhar a viagem e aqui mata a viagem dos caminhoneiros. Aqui é uma rodovia de produção que realmente necessita de atendimento de amparo das autoridades para melhorar a estrada e travessia do rio por que está péssimo nesse momento.

Fabiano Iappe - O senhor está tendo prejuízo com esta situação?

Ildefonso - A balsa é o seu comércio eles precisam cobrar para manter o sustento do negócio. Para nós o custo do frete é muito alto, cada vez mais despesas o óleo diesel é muito caro. É passagem de balsa, é pneu que estoura, é mola que quebra, é eixo que quebra. Caminhão novo também quebra pelas falta de condições das estradas. Imaginem os mais velhos. Todos estão fazendo este movimento pra ver se as autoridades responsáveis por este setor tenham consciência e tenha piedade de quem realmente produz neste país que são os motoristas os empresários do setor de produção de calcário para ir pra lavoura para agricultor plantar pra dar emprego para pagar os impostos e os motoristas são uma parte dessa engrenagem que roda este país. Mais infelizmente estão deixando a desejar estamos esquecidos e se somos quem realmente leva o progresso desse país são principalmente os motoristas.

Kassu - Se o governo autorizasse a iniciativa privada construir uma ponte e cobrasse a passagem pelo mesmo valor da balsa o senhor concordaria?

Ildefonso - Olha está pergunta vem de encontro com os pedágios das rodovias. A gente sabe que os pedágios são caros. Se for caro mais tiver assistência a estrada for boa tudo bem. No caso da balsa aqui se for transformada em ponte que a gente chega aqui e passa com segurança, sem atrasar a viagem para que produza mais eu sou de acordo.

Fabiano Iappe - O Senhor apóia o Movimento mais Araguaia que está sendo desenvolvido aqui na região?

Ildefonso – Mais com toda certeza que eu apóio. O que é benéfico para a população, para quem produz, para a agricultura, os nossos caminhões e os terceirizados que trabalham junto com a gente e os demais todos tem o adesivo Ponte Já apoio o Movimento Mais Araguaia.

Kassu – A empresa de transporte Carajás presta serviço para quem?

Ildefonso – Nós estamos aqui na região do Vale do Araguaia transportando exclusivamente para o Grupo Bom Futuro. Esse grupo o proprietário é o Senhor Irai Maggi e seus irmãos e o cunhado o Zeca. Então trabalhamos exclusivamente pra ele. Diante da necessidade deles plantar precisa levar o calcário e é nós que levamos. Pra isso estamos com essa dificuldade sobre a travessia do rio das Mortes aqui na região do Cocalinho. Precisamos da assistência das autoridades das pessoas competentes para dar auxílio e facilitar esse nosso serviço aqui por que estamos produzindo, tanto o grupo que paga muito imposto e produz muito quanto à gente que vinculado e que estamos trabalhando exclusivamente no transporte de calcário.

Kassu – O senhor tem noção de quantas toneladas de calcários estão sendo transportados para o Grupo Bom Futuros nessa safra de calcário?

Ildefonso – Até o dia de hoje já transportamos em torno de 40.000 toneladas e temos mais 30.000 toneladas para transportar ainda e o espaço de tempo está muito curto já estão começando as chuvas e o caminhão chega aqui e mata a viagem em vez de fazer 04 ou 05 viagens por semana faz 02 viagens apenas. Estamos com de 30 a 40 caminhões trabalhando não estamos produzindo por que a estada está ruim e a travessia sobre o Rio das mortes está complicada.

Kassu – Para que está vindo do Norte de Mato Grosso, como o senhor vê o desenvolvimento da agricultura no Vale do Araguaia?

Ildefonso – Pelo que tenho visto conhecendo praticamente todo o Mato Grosso esta região do Vale do Araguaia vai desenvolver muito, os produtores estão investindo muito aqui e com certeza vai ser uma região muito próspera.


A empresária Neila Godinho do Calcário Serra Dourada e idealizadora do Movimento Mais Araguaia. Rio das Mortes, Ponte Já, fala a nossa reportagem:

Neila Godinho – Eu agradeço a oportunidade que vocês estão nos dando e falar o seguinte: Eu sempre falo que aqui tem cem caminhões parados na balsa e as vezes as pessoas ficam pensando que não é verdade. Mais esta é a nossa realidade. A nossa situação é complicada hoje as indústrias de calcário estão sem saída sem saber o que faz. Os motoristas estão aqui desde ontem aguardando para passar na balsa. Eu não estou aqui para culpar ninguém nem a classe política nem dono de balsa, eu só quero falar o seguinte essa é a realidade do povo brasileiro aqui na região do Vale do Araguaia. Esperar o que, e de quem? O que podemos fazer numa situação dessas. Eu pergunto as pessoas os políticos para que eles venham ver essa situação. Não estamos tendo respostas, as pessoas estão empurrando com a barriga e ninguém agindo. Então eu pergunto aos nossos políticos e empresários o que vamos fazer numa situação dessas. O pessoal estão aqui parados eles vê fazer aqui o seu trabalho sem expectativa nenhuma sem retorno financeiro, caminhões quebrando. O que nós vamos fazer?


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